sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eric Roth sobre filme noir: “eles te levam para becos que você não iria”

A seção de vídeos do site do Oscar costuma ter vídeos curtos, mas bons, sobre temas do fazer cinematográfico, como roteiro de filmes de gênero e montagem na era digital. Neste momento, a home page tem treze vídeos de roteiristas diversos falando sobre o filme noir.

O destaque desta sexta-feira é Eric Roth, que escreveu muitos filmes nos últimos vinte anos, entre eles “O Curioso Caso de Benjamin Button”, “O Bom Pastor”, “Munique”, “Ali”, “Forrest Gump” etc.

Por quase dois minutos, Roth dá algumas opiniões sobre o filme noir:

“Eles te levam para um mundo de sonhos, sonhos obscuros, de certa maneira. Os melhores conduzem para os obscuros, eu acho”.

“O filme noir apela para um tipo de mundo visual que não existe, becos, vielas, lugares nos quais você teria medo de ir”.

“São concisos, visuais, de certa forma. Não há muita reflexão no texto, em outras palavras, os personagens não falam de si mesmos. São mais pró-ativos do que reativos”.

“Pelo menos nos filmes mais antigos, o ‘storytelling’ é mais melodramático, só que ficou mais sofisticada com o tempo”.

Esse monte de entrevistas sobre o filme noir não é à toa. A Academia começa, em 13 de setembro, a série “Oscar® Noir: 1940s Writing Nominees from Hollywood’s Dark Side”. Advinha quem começa? “O Falcão Maltês”, noir de 1941 com Humphrey Bogart.

Imagina assistir no Samuel Goldwin Theatre um dos melhores filmes noir (por que não o melhor?) a US$ 5? Confesso que não é o meu gênero favorito no cinema, mas existem duas razões para não fugir jamais do filme de John Huston:

1: assim como a maioria dos noir, explica muito do momento dos Estados Unidos durante ou imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, além de ser ajudar a entender onde estava Hollywood naquele momento.

2: a personagem de Brigid O'Shaughnessyé. Vivida por Mary Astor (atriz muito requisitada na era do cinema mudo), a personagem é impossível de confiar. Não sabemos de que lado ela está, que jogo está fazendo, se é inocente, culpada ou os dois! Brigid é tão desestabilizadora quanto Candy (Jean Peters) de “Anjo do Mal”, filme de Samuel Fueller.