Interessantíssima a experiência de assistir a “Michel Ciment: A Arte de Compartilhar Filmes” na Mostra. Ciment tem 72 anos, quase a idade de meu pai (76), é editor da revista “Positf” – rival histórica da “Cahiers du Cinéma” – e uma espécie de patrimônio cultural e cinematográfico francês.
No média-metragem, temos pessoas falando sobre Ciment e Ciment falando sobre cinema. Nada muito elaborado do ponto de vista formal, mas um filme que apresenta e sintetiza os principais pensamentos do crítico.
As ideias de Ciment sobre passado, presente e futuro do cinema, mas especialmente sua posição quanto à crítica, são fundamentais. Ainda mais para alguém jovem (25 anos), cuja cinefilia consciente foi despertada tardiamente (há cinco anos) e ainda está formando o olhar para o cinema.
No meu caso, ter a chance de ser confrontado com o pensamento de Ciment é fundamental. Não por colocá-lo num pedestal da perfeição intelectual e do bom gosto. Mas por duas razões: além do óbvio rigor por um filme, o Ciment apresentado pelo filme é um crítico intenso tanto para o amor quanto pelo ódio, algo que costumo defender; segundo: como alguém tem uma relação tão viva com o cinema mesmo depois dos 70?
O vigor de Ciment me lembrou a definição de Manoel de Oliveira para a busca de um artista: “a esperança é o que mantém a chama na busca pelo absoluto, que só vem na morte. O artista, a cada trabalho, busca o absoluto”. Talvez essa busca é o que ainda o deixe interessado em buscar novos realizadores (apesar de, por exemplo, eu não achar necessariamente um mérito Ciment ter defendido Lars Von Trier) é o que mantém viva relação Ciment/Cinema.
Para um jovem crítico de cinema, nascido nos anos 80 – momento de refluxo, convenhamos – é indispensável ter Ciment no coração. Um cara que dá a certeza de que a crítica de cinema é o que deve salvar o jornalismo cultural da mediocridade indicadora de consu
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