sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Táxi Driver, clássico de Scorsese com De Niro, reestreia no Cine Olido
Táxi Driver (1976), clássico de Martin Scorsese que deu a Robert De Niro um dos mais interessantes papeis de sua carreira, reestreia nesta sexta-feira (9/11) exclusivamente no Cine Olido, em São Paulo. A cópia restaurada, previamente exibida no Festival de Berlim e na Mostra de São Paulo, integra o projeto Em Cartaz no Cine Olido – ingressos a R$ 1.
O filme é um dos grandes documentos do mal estar na sociedade norte-americana pós-Guerra do Vietnã (1959-75). Travis Bickle, o protagonista cuja paranoia fica mais intensa nas cores da cópia restaurada a ser exibida no Olido, é um pequeno comentário de um período de incertezas. Reflete também o breve momento em que o modelo de produção de Hollywood, então em crise, deu espaço a uma outra geração que fez filmes radicais dentro do sistema – e por ele foi engolido no fim da década.
Travis não dorme, não tem amigos, família ou companheira. Nas vésperas das eleições presidenciais, desconhece o que significa Republicanos ou Democratas. Veterano de guerra, volta para a vida civil sem a menor compreensão do termo “vida civil”. Desequilibrado, Travis quer “limpar toda a sujeira e o fedor de Nova York”. No seu táxi, encontra toda a sorte de gente: maníacos, maridos traídos, ricaços com prostitutas, políticos...
Taxi Driver é um documento porque registra precisamente o mal estar de uma sociedade. Um momento de incertezas nos Estados Unidos, de seu Exército foi derrotado em Saigon, e do inoperante presidente boa-praça do momento, Jimmy Carter. No filme, vive-se a apreensão das prévias eleitorais – Charles Palantine, o candidato, não deixa de ser uma citação ao bom-mocismo de Carter, que se tornaria presidente em 1977.
Talvez o melhor exemplo do desequilíbrio de Travis esteja na trilha de Bernard Herrmann, o compositor favorito de Hitchcock. A trilha vai do romântico/idílico ao sombrio/soturno num instante. Uma mudança tão brusca como a ajeitada de Travis no retrovisor na sequência final, indicando que depois da calmaria haverá outra tormenta.
Documento de época, sim, mas também atualíssimo, por conseguir ser a representação do desconforto. São nos momentos de insegurança e indefinições que tipos escondidos na gaiola como Travis vêm à superfície. O discurso do maluco de Realengo, que matou doze pessoas em abril dentro de uma escola, é tão confuso quanto a “limpeza” que Travis propõe como a salvação de Nova York.
Taxi Driver é uma obra-prima atemporal, que vai continuar fazendo sentido por muitas outras gerações. Só é difícil alimentar esperanças de que, dentro de Hollywood, surja um filme como esse, que se transforma, no final, numa grande sinfonia da morte e da falta de sentido humano. Os tempos de Nova Hollywood, da geração que arrebentou portas, mas depois foi engolida, se foram.
Serviço
Projeto Em Cartaz no Cine Olido
Reestreia de Táxi Driver
De 09 a 15/12
Sexta, sábado, terça, quarta e quinta-feira às 19h30
Domingo às 17h30
Segunda-feira, dia 12/12, não haverá sessão
Valor do Ingresso: Inteira: R$1 / MEIA-ENTRADA: R$0,50
Compra do ingresso somente na Galeria Olido, de Terça a Domingo das 14h às 21h na semana do filme
Galeria Olido: Avenida São João, 473
Em tempo: leia a íntegra do roteiro escrito por Paul Schrader neste link.
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Um comentário:
O "Clube da Luta" não seria um exemplo relativamente recente de que filmes como "Taxi Driver" ainda são possíveis em Hollywood? Tenho pra mim, aliás, que o segundo é uma espécie de "pai" do primeiro.
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