sexta-feira, 29 de junho de 2012

Rita Hayworth, a diva

Rita Hayworth na cena mais famosa de Gilda, em que se metaformoseia na Mame da canção

Leitores do Urso de Lata, faço um autojabá para dividir com os interessados que nesta sexta-feira (29/6) participo do programa Todo Seu, do Ronnie Von, falando sobre Rita Hayworth no quadro Divas.

Rita Hayworth, que lembramos muito por Gilda, mas que fez também o filmaço do Welles, A Dama de Xangai, e Vidas Separadas (e dançou muito com Fred Astaire em Ao Compasso do Amor, filme que merece ser estudado para entender como Hollywood manipulou uma população para a máquina de guerra), é, para mim, a encarnação da diva -- pro bem e pro mal, da mulher inalcançável e adorada, mas que tem de dar conta de uma imagem mentirosa, ou melhor, de femme fatale da hora que acorda à de dormir.

O programa vai ao ar às 22h15 -- o quadro Divas deve ser veiculado entre 22h30 e 22h40. Apesar do tempo breve, falo sobre star system/Era dos Estúdios, o talento como dançarina, o abismo entre a mulher da tela e a da vida real, os papeis com Fred Astaire e Tyrone Power, da transformação em mulher de beleza exótica à american beauty. Tem muito mais a se falar sobre ela, talvez um dia escreva um perfil, quem sabe traçando uma ideia de sensualidade que ela emanou nos 1940 com a que Marilyn projetou na década seguinte.

Por ora, fica o convite. Deixo com vocês a entrada de Rita Hayworth em cena em Gilda (que é um noir muito bom até o final do segundo terço, quando o barco desanda). Um diálogo muito irônico (o filme é cheio deles) em que o marido de Gilda pergunta: "Are you decent?", ao que ela responde, "Me?". E ri.

domingo, 24 de junho de 2012

CineOP, dia 1: os curtas-metragens

Dizem que Os Cães Veem Coisas, de Guto Parente
 7ª CineOP – 1º dia – O que nos dizem os curtas (e os jovens que os veem)

Sentimento contraditório este de acompanhar a sessão com estudantes. Aqui em Ouro Preto, na primeira projeção de curtas-metragens de sexta-feira (22), além do público “normal”, houve uma volumosa excursão com jovens, aparentemente, do Ensino Médio.

Por um lado, fico muito entusiasmado. Que ótimo seduzir jovens espectadores para o cinema – e melhor, para um tipo de cinema que quer alguma coisa do cinema. Se não for por iniciativas como essa da CineOP, qual seria o canal de contato de um filme como o da Alumbramento com a molecada?

Mas uma outra porção minha não consegue aceitar o comportamento do espectador que se esquece estar numa sala de cinema, não na sala de jantar da sua casa. Conversas, bate-papos, bochichos constantes durante a projeção dos seis curtas-metragens. OK, essa “interação” não é exclusiva dos estudantes, basta ir a qualquer sala – ao menos em São Paulo – para passar alguns momentos de raiva.

Continue lendo o texto na Revista Interlúdio.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CineOP, noite de abertura - Pra Frente, Brasil e O Assalto ao Trem Pagador

Reginaldo Faria na cena mais impactante de O Assalto ao Trem Pagador

Diário da 7ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto - Noite de Abertura

São dois momentos distintos. O primeiro surge no contexto de preocupação social. O segundo é um filme de urgência, cujo maior mérito é simplesmente ter sido feito e exibido.

Cinquenta anos nos separam de O Assalto ao Trem Pagador, o terceiro longa-metragem de Roberto Farias, e 30 anos de Pra Frente, Brasil, o penúltimo filme do cineasta, que abriu ontem a 7ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Assalto sobrevive muito melhor ao tempo e é um exercício prazeroso redescobri-lo. É mais cinema, tem mais escolhas precisas na narrativa, mais coeso. Suas cenas relutam a largar a memória.

O argumento é sagaz. Em vez tornar o assalto o centro do filme, o roubo mirabolante ao trem pagador do título abre espaço para um enredo com comentários firmes sobre os porquês de um crime. Mais a fundo, O Assalto ao Trem Pagador é uma lente de aumento nas relações raciais do Brasil. Tanto que na cena mais impactante do filme, Grilo Peru, o engenheiro do roubo, deixa claro para o espectador que, por aqui, ter dinheiro nem sempre é suficiente para se livrar de um estigma racial.

O começo do longa é inspiradíssimo. Uma demonstração do domínio de Roberto Farias sobre o cinema clássico. A panorâmica da estrada de ferro é alternada com planos-detalhe e travellings que descrevem a arquitetura do roubo (o trilho deslocado, a banana de dinamite, a carteira jogada, as garrafas de uísque importado, maço de cigarro). Esses planos são banhados por uma música misteriosa e enigmática de Remo Usai.

Continue lendo o texto na Revista Interlúdio.

Começa o CineOP (e a vida continua)

Roberto (80) e Reginaldo (75) no palco do cine Vila Rica. Foto de Leo Lara


Por mais que seria bem-vindo um tempo do mundo, um recuo para dentro, para onde se fala pouco e se escuta muito, a vida está aí, demandando ação.

Com isso, quero dizer que um espaço aqui dentro ainda está resguardado, preservado, pra entender esse episódio de difícil compreensão que é a morte do Carlão.

Mas a vida não para de andar. É preciso vivê-la. E como ela segue, estarei postando neste Urso de Lata trechos e links da cobertura que estou fazendo da 7ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto, este interessantíssimo festival de cinema dedicado à preservação e memória do cinema nacional, para outros veículos.

Para começar, segue um pedaço da entrevista com Roberto Farias e Reginaldo Faria, os irmãos homenageados na abertura de quinta-feira aqui em Ouro Preto, publicada na edição de terça-feira (19) no jornal Valor Econômico. Gustavo Dahl também foi homenageado.

Boa leitura!

CineOP 2012 relembra uma família dedicada ao cinema

Reginaldo Faria não precisa pensar duas vezes para responder uma pergunta que lhe acompanha há anos: por que toda a família Faria está envolvida com audiovisual? "Desde pequenos sempre trabalhamos juntos no estabelecimento comercial de nosso pai. Essa prática continua até os dias de hoje. Os filhos e os netos seguem nossos passos e nós seguimos os passos daquilo que nos fascina", afirma.

Ator de pontos altos da filmografia brasileira como Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977) e Porto das Caixas (1962), Reginaldo será homenageado ao lado do irmão Roberto Farias, diretor de O Assalto ao Trem Pagador (1962) e Pra Frente, Brasil (1982), na quinta-feira (dia 21) na abertura oficial da 7ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto. O cineasta Gustavo Dahl (1938-2011), primeiro presidente da Ancine, também será homenageado.

Dedicada à memória e preservação do cinema brasileiro, a mostra mineira programou também a projeção gratuita de cinco filmes da dupla, além de um debate sobre o percurso de suas carreiras.

Continue lendo o texto no site do Valor Econômico.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Carlos Reichenbach está morto

Muito estranho ouvir o som dessa frase: Carlão morreu. Carlão está morto. Carlão se foi. No dia do seu aniversário.

Fica um buraco imenso quando um ídolo seu, uma pessoa que ajuda a dar sentido ao mundo, não vai estar mais presente.

Carlão era um dos meus ídolos.

Que tristeza profunda.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mostra Bergman no CCBB-SP

Persona, de Bergman


Começa nesta quarta-feira (13/06) não só a primeira batalha do meu Corinthians para chegar à primeira final da Libertadores de sua história, mas também a belíssima mostra completa de Ingmar Bergman. Um mês com filmes e cursos no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.

O tempo (a falta dele) me impede de fazer um post mais aprofundado. Li há alguns meses o livro que Liv Ulmann, musa e ex-mulher de Bergman, escreveu (acho) nos anos 1980, Mutações. Queria relacionar as experiêncais que ela descreve no papel e a feitura de Persona.

Mas agora não dá, o tempo falta. Deixo apenas a dica da mostra e a programação completa no site do CCBB (clique aqui).

Outro dia volto a tecer um comentário decente.

domingo, 10 de junho de 2012

Cinema Mudo - Curso com Celso Sabadin

Repassando o e-mail que recebi -- e fazendo um pequeno jabá pro amigo Celso Sabadin.

Viagem à Lua, de George Méliès, homenageado por Scorsese em A Invenção de Hugo Cabret


"O jornalista e crítico de cinema Celso Sabadin ministrará, entre os dias 11 de junho e 16 de julho, o curso História do Cinema Mudo, na Biblioteca Pública Roberto Santos. As aulas, gratuitas, ocorrerão nas segundas-feiras, às 19h.

Serão cinco encontros analisando os primeiros anos do cinema, desde as primeiras experiências com imagens em movimento até a transição para o sistema sonoro, passando pelo desenvolvimento dos gêneros cinematográficos, praticamente todos criados na era do cinema mudo. Haverá exibições de trechos de filmes históricos e importantes do período.

No dia 11 de junho, será abordado o nascimento e a pré-história do Cinema. Nas duas semanas seguintes, Sabadin explicará sobre o período em que o cinema se firmou como espetáculo e como indústria e sobre a conquista do mercado norte-americano. O Expressionismo alemão e o Realismo Soviético, as primeiras grandes escolas estéticas da era silenciosa, serão apresentados no dia 2 de julho. Encerra o ciclo a transição para o cinema sonoro e a importância de O Cantor de Jazz para a História do Cinema, no dia 16 de julho.

Celso Sabadin faz colaborações nos sites Planeta Tela e 100% Vídeo, na Revista de Cinema e na Rádio Bandeirantes. É autor dos livros Vocês Ainda Não Ouviram Nada - A Barulhenta História do Cinema Mudo, Éramos Apenas Paulistas e Ofício de Cineasta. Ele prepara atualmente o lançamento de seu primeiro longa-metragem como roteirista e diretor, um documentário sobre Amácio Mazzaropi.

Serviço
Curso História do Cinema Mudo
Data: 11 de junho a 16 de julho
Horário: 19h
Inscrições: pelo telefone 2273-2390 ou pessoalmente na unidade.
Local: Biblioteca Pública Roberto Santos
Endereço: Rua Cisplatina, 505, Ipiranga
Telefone: 2273-2390"

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O executivo da Yoki, o Meia Hora e um filme de Olivier Assayas

Asia Argento no filme de Olivier Assayas

O mais curioso do caso do assassinato de Marcos Kitano Matsunaga não é nem a natureza do crime, mas esse lugar de propriedade que o jornalismo elege para as pessoas. Se fosse o Zé da Silva, seu nome seria citado nos jornais apenas como o Zé da Silva, sem privilégios simbólicos possibilitados pelo capital. Mas como Marcos Kitano Matsunaga era alguém com dinheiro, ele merece uma vaguinha mais nobre nas notícias. Em vez de seu nome, o que vem antes é seu cargo: “Executivo da Yoki”.

É como se, por conta de seu lugar na escala de produção (patrão), Marcos merecesse um balangandã a mais ao ser citado na imprensa. Como se sua morte fosse mais morte que outra qualquer.

Elize Matsunaga, sua mulher, confessou à polícia ter cometido o crime. No depoimento, disse que discutiu com o marido, levou um tapa, perdeu a cabeça e atirou em Marcos.

O jornal Meia Hora, que tem esse estranho dom de captar a percepção popular com trocadilhos fenomenais, deu o seguinte título à matéria do crime: “Essa aí não pipoca”. A linha fina é a que segue: “Viúva encara a polícia de frente, confessa que estourou com dono da YOKI e botou corpo em saquinhos”.

Desde que li sobre o caso, não consigo parar de pensar em Traição em Hong Kong (Boarding Gate), filme policial de Olivier Assayas. É uma produção mediana, preciso reconhecer, mas talvez sem ela, sem esse exercício no gênero, Assayas não conseguiria ter acertado tanto como fez em Carlos, filme/minissérie que depende muito do clima de perseguição ao protagonista.

Traição em Hong Kong mostra duas etapas na vida de Sandra, uma ex-prostituta (Asia Argento). Na primeira parte, tentando reviver os traços de uma paixão obsessiva com o empresário Miles (Michael Madsen). Na segunda, já como fugitiva da polícia, caindo na real quanto a uma outra paixão.



O filme de Assayas faz o que justamente não vi a imprensa conseguindo fazer: descobrir as razões para um crime -- não factuais, mas humanas. Toda a primeira parte do filme é de construção de atmosfera, compreensão da relação de Sandra e Miles. Ele lembra dos bons momentos, ela recorda como foi usada. Ela recupera uma cena idílica, ele a acusa de saber de tudo.

Ela toma uma decisão: quer romper, não o ama mais, já deu. Ele, com um magnetismo incrível, exerce sobre ela um poder indescritível. Ela está presa a algo invisível, não tem força para resistir. Ele exercita o gozo provocado pelo poder. Ele se ajoelha, deixa ela algemá-lo – vão repetir uma cena sexual sadomasoquista que já os excitou no passado. Ela pega o revólver e o mata. Assim, “do nada”, de repente.

Aí me veio automaticamente o caso de Marcos e Elize, mas também a tal notícia do Meia Hora: “Viúva encara a polícia de frente, confessa que estourou com dono da YOKI...”.

Com o imediatismo do jornalismo e a pressa, talvez a gente nunca tenha a compreensão total do que fez com que Elize cruzasse a linha do matar (sobre a qual Crime e Castigo, de Dostoiévski, nos dá tamanha dimensão). Em quais cenas de violência física já estiveram envolvidos o casal Elize e Marcos?

Resta ao cinema, mesmo que num filme mediano como Traição em Hong Kong, dar a dimensão dos atos humanos. Pois, pelo que parece a imprensa já perdeu essa habilidade. O que interessa mesmo é só registrar que morreu uma pessoa cujo nome é “Executivo da Yoki”.

PS: este post é dedicado ao cineasta Daniel Ribeiro, o primeiro dos meus amigos no Facebook a notar como só se referiam ao caso como o “Executivo da Yoki”.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Fassbinder, um workaholic do cinema*

Rainer Werner Fassbinder morreu há 30 anos; data será lembrada com exibições na Alemanha

*Publicado na versão impressa do jornal Valor Econômico desta quarta-feira, 6 de junho

O espectador que já se acostumou a ver um filme de Woody Allen estreando por ano talvez não saiba, mas o nova-iorquino não é o mais prolíficos do cinema. O alemão Rainer Werner Fassbinder, morto em 10 de junho de 1982, dirigiu obras-primas como O Medo Consome a Alma e Berlin Alexanderplatz e foi um dos mais produtivos entre os grandes nomes do cinema.

Entre 1966 e 1982, Fassbinder dirigiu 39 longas-metragens; 2 minisséries para a televisão; 3 curtas-metragens e um média; escreveu 21 peças para o teatro, além de ter dirigido outras 12 montagens –  trabalhou como ator em 36 filmes. Sem contar outras funções paralelas nas filmagens (câmera e produção) ou na pós-produção (montador, quando assinava sob o pseudônimo Franz Walsch).

Para servir de comparação na lista dos prolíficos, Woody Allen, de 76 anos, dirigiu 44 longas em 46 anos; Clint Eastwood, de 82 anos, 34 longas nos últimos 41 anos. Fassbinder precisou de 13 anos para realizar 39 longas. Poderiam ser mais filmes caso não tivesse morrido de overdose aos 37 anos.

Continue lendo o texto no site do Valor Econômico.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Marilyn Monroe, adorável pecadora?

Abertura do texto na Revista Monet deste mês que o editor deste blog escreveu

Marilyn Monroe, a persona que a 20th Century Fox inventou para Norma Jeane Mortenson, continua viva. 1º de junho marcou o 86º aniversário da protagonista de Adorável Pecadora e Quanto Mais Quente Melhor. Em agosto, completam-se 50 anos de sua morte.

Mesmo depois de tanto tempo e de o cinema americano ter passado por algumas transformações (a Era dos Estúdios representa um passado distante), pouco conhecemos da atriz Marilyn. Imagens já vimos muito. Momentos icônicos (a cena do metrô em O Pecado Mora ao Lado) também.

Ainda acho, porém, que falta fazer corpo a corpo com seus filmes (sem trocadilhos, por favor). A retrospectiva que o canal Telecine leva ao ar durante este mês de junho é um começo. Insuficiente, é preciso dizer.

A curadoria do canal (veja programação) privilegiou uma parte da persona de Marilyn Monroe: a da gostosa fatal, mas desprovida de neurônios ou presa à figura masculina para realizar seus desejos.

Como, por exemplo, a esposa infiel de Torrente de Paixão (Niagara), de Henry Hathaway, que irá ao ar no dia 9 às 14h no Telecine Cult. Rose, sua personagem, até esboça uma demonstração de independência, mas o machado do moralismo a amputa.

Marilyn em cena de Torrente de Paixão

Dos cinco filmes da retrospectiva, talvez o que mais represente a persona de Marilyn é Adorável Pecadora (Let's Make Love), mais uma produção mediana de George Cukor (que, a propósito, dirigiria também o derradeiro e inacabado filme da atriz, Something's Got to Give). Feito em 1960, esse misto de comédia romântica e musical é também um documento indireto da mudança da sociedade.

Se em O Rio das Almas Perdidas (River of No Return, 1954), a sensualidade da atriz estava na cruzada de pernas sobre a mesa, ou em O Pecado Mora ao Lado nas pernas à mostra pela fenda do vestido), no filme de Cukor Marilyn passa um bom bocado com o corpaço à mostra, coberto apenas por uma lingerie.

Há uma passagem de mulher aqui. Cai o vestido rosa choque apertadíssimo que continha com fúria o corpo da atriz. Sobram as lingeries. E a triunfal entrada em quadro da atriz: pelas pernas.

Duas ausências na retrospectiva do Telecine são muito sentidas. Primeiro, Os Desajustados (The Misfits), que seria uma obra-prima não fosse pelo final digamos... coxinha. John Huston foi o único diretor disposto a registrar a tristeza natural do olhar da estrela e tentar encontrar uma atriz por trás do furacão. Trata-se de mais um filme interessante sobre o fim do Oeste (veja um trecho abaixo).




A segunda ausência é Nunca Fui Santa (1956). Mesmo com a direção medíocre de Joshua Logan, é o primeiro filme de Marilyn após a experiência de entrar para o Actors Studio e tentar se desvincular da pecha de femme fatale.

Numa das cenas mais bonitas, ela, que quer ser cantora mas sobrevive como mulher-objeto de um bar furreco, apresenta-se para o público. Tenta cantar, mas ninguém a ouve. Só quando deixa tudo à mostra (novamente a lingerie, desta vez verde, é quem contém seu corpo em ebulição) é que os homens param e prestam atenção. Cena bonita e que viria depois a ser copiada por Robert Altman em Nashville.

Aproveitando o motif deste post. Para quem gosta ou de relembrar ou de debater a figura de Marilyn Monroe – o que implica discutir um modelo de cinema, uma imagem de mulher –, recomendo, na cara de pau, um texto que fiz para a edição de junho da Revista Monet - a primeira foto deste post é um trecho da matéria.

No texto, fala-se do esquema de produção da Era dos Estúdios, do star system, da mulher que ela representou e da prisão ornamentada que Hollywood foi para ela

Cena de Adorável Pecadora: a Marilyn Monroe de sempre

Textos relacionados:
Faye Dunaway: curto estrelato de uma grande atriz