Reginaldo Faria na cena mais impactante de O Assalto ao Trem Pagador |
Diário da 7ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto - Noite de Abertura
São dois momentos distintos. O primeiro surge no contexto de preocupação social. O segundo é um filme de urgência, cujo maior mérito é simplesmente ter sido feito e exibido.
Cinquenta anos nos separam de O Assalto ao Trem Pagador, o terceiro longa-metragem de Roberto Farias, e 30 anos de Pra Frente, Brasil, o penúltimo filme do cineasta, que abriu ontem a 7ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Assalto sobrevive muito melhor ao tempo e é um exercício prazeroso redescobri-lo. É mais cinema, tem mais escolhas precisas na narrativa, mais coeso. Suas cenas relutam a largar a memória.
O argumento é sagaz. Em vez tornar o assalto o centro do filme, o roubo mirabolante ao trem pagador do título abre espaço para um enredo com comentários firmes sobre os porquês de um crime. Mais a fundo, O Assalto ao Trem Pagador é uma lente de aumento nas relações raciais do Brasil. Tanto que na cena mais impactante do filme, Grilo Peru, o engenheiro do roubo, deixa claro para o espectador que, por aqui, ter dinheiro nem sempre é suficiente para se livrar de um estigma racial.
O começo do longa é inspiradíssimo. Uma demonstração do domínio de Roberto Farias sobre o cinema clássico. A panorâmica da estrada de ferro é alternada com planos-detalhe e travellings que descrevem a arquitetura do roubo (o trilho deslocado, a banana de dinamite, a carteira jogada, as garrafas de uísque importado, maço de cigarro). Esses planos são banhados por uma música misteriosa e enigmática de Remo Usai.
Continue lendo o texto na Revista Interlúdio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário