A seleção musical é muito interessante. A começar pela quase transcendental Exit, do New Order, grupo formado pelos remanescentes do Joy. Tem também um cover de Shadowplay pelo The Killers. Há um momento impagável com John Cooper Clark e seus incontáveis “fucking” em Evidently Chicken Town (um trecho: “the fucking clocks are fucking wrong/the fucking days are fucking long”).
Se o resultado narrativo do filme exagera na simplicidade (como os inúmeros takes de capas de LPs de Bowie e Iggy Pop, que indicam as influências de Ian), a trilha dá show. Tem Velvet Underground (What Goes On), um cover de The Killers para Shadowplay. Tem duas do Bowie, entre elas “Drive in Saturday”, do período glam-rock.
O momento em que canção e imagem se fundem com um resultado estético primoroso é em Transmission, música que rendeu ao Joy a primeira ida à televisão. Com uma interpretação visceral de Sam Riley como Ian, toda a confusão mental, sonora e visual do vocalista da banda está lá.
Mas a trilha de Control tem uma ausência de peso: deixou de fora She’s Lost Control. A faixa, da qual o título do filme foi retirado, concentra muito do que é o Joy – e, por conseqüência, Ian Curtis: letras depressivas, arranjos soturnos que evocam um buraco negro interior, ecos mentais e, é claro, o vozeirão down de Ian.
Um pecado quase capital.
Em tempo: She’s Lost Control está presente no filme, com cenas do momento
Em tempo II: o filme, distribuído pela DayLight, estréia
2 comentários:
Nossa eu fiquei muito impressionada com o filme. A fotografia é uma das mais impecáveis que eu já vi. A escolha de fazer em PB também foi uma sacada incrível. Mas concordo com você que o filme é um tanto quando simplista ao tratar de questões como o motivo do suicídio do Ian. O enfoque na crise da mulher e amante achei um tanto quanto forçado...acho q faltou enfatizar a depressão e os mil conflitos existenciais dele. E o Sam Riley dá um show! To louca pra ver o documentário agora.
Então, cara, foi com a sensação da tua última frase que eu saí do cinema: agora é hora de ver o documentário.
Se não tivessem me soprado no ouvido os amigos que ouvem há muito tempo o Joy Division, eu não saberia que o Ian era bipolar. No "Control", em alguns momentos ele é pincelado como um egocêntrico que tem tudo na mão e não aproveita.
A fotografia é show, mesmo porque o diretor é fotógrafo de formação. Mas, o roteiro...eita nóis!
Postar um comentário