Muito interessante a edição 2008 do Festival de Brasília ser aberta por um filme de Leon Hirzmann, “São Bernardo”. A historiografia do cinema considera Hirszman como um dos “fundadores” do Cinema Novo.
Hirszman pesquisou linguagem. E a marca dos títulos selecionados para a mostra competitiva de longa-metragem em 35mm é justamente o pensamento da linguagem cinematográfica. Exemplo: Kiko Goifman, de “Handerson e as Horas”, é documentarista já habitué de Roterdã e com passagem por Berlim. Seu longa “FilmeFobia” é uma grande brincadeira com a imagem, a manipulação, a atuação tão ou mais eficiente do que o documento. Uma ficção que ironiza os limites do documentário.
Outro que transita na mesma fronteira é “Tudo Isto Me Parece um Sonho”, de Geraldo Sarno. Já “O Milagre de Santa Luzia”, de Sergio Roizenblit, amarra, por meio de diversos personagens, a história da sanfona. Sem contar o barroquismo de Rosemberg Cariry (“Siri-Ará”) e os bons temas de Evaldo Mocarzel (“À Margem do Lixo”) e André Luiz da Cunha (“Ñande Guarani”).
Uma coisa é certa: a edição deste ano certamente não terá os mesmos holofotes das edições anteriores. Afinal, o Festival de Paulínia entrou no pedaço no meio do ano, Gramado se recuperou do fiasco dos cinco anos anteriores e o Festival do Rio continua dividindo flashes/boa programação.
Porém, outro lado de Brasília se manterá vivo neste ano: a discussão. Conhecido por ser freqüentado por uma platéia que literalmente quebra o pau pelo cinema, os filmes darão boas discussões de linguagem.
Em tempo: puxando a sardinha pro lado da casa, o Cineclick vai estar lá, cobrindo o dia-a-dia do evento.
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