Numa viagem a Campinas em 2008, passei por um restaurante que tinha uma livraria na saída. Comprei dois livros: a biografia de Truffaut e um outro livro bem baratinho e destruído. “Historia del Cine Chileno – 1902/1966”.
Mario Godoy Quezada realizou o primeiro trabalho confiável de compilação de todos os filmes produzidos no Chile até metade da década de 60. Infelizmente, não analisa as produções ou procura aproximações estéticas entre elas. Seu objetivo é levantar tudo que foi feito ano a ano, quem dirigiu, quem estrelou, qual foi a repercussão.
No meio disso, há umas histórias divertidas que ilustram uma mistura de amadorismo e vontade de fazer cinema – especialmente no período mudo, o mais prolífico no Chile. Um dos causos ocorreu em 1924, que transcrevo, com tradução livre, aqui:
“QUANDO LUIZ ROMERO PEDIU AJUDA
Luis Romero y Z protagonizou um episódio curioso em Valparaíso quando decidiu tornar-se produtor e filmar “La Tarde era Triste”, baseada na popular canção cujos primeiros versos dizem: La tarde era triste, la nieve caía, un blanco sudario los campos cubría. Ao terminar de filmar o segundo rolo, já não tinha mais dinheiro para filmar. Então, anunciou a estreia e, ao final da projeção do segundo rolo, ele subiu ao palco e surpreendeu ao público, que havia ido ao cinema assistir a uma película completa. Romero y Z explicou as dificuldades econômicas que tinham que vencer os cineastas chilenos, utilizando sua própria história como exemplo. Disse que naquele exato momento não tinha mais nenhum peso para continuar a rodar, que só tinha conseguido filmar o que o público acaara de ver e que, para terminar, precisaria de financiamento. Há versões diferentes. Uns dizem que ele encontrou o rico necessário para soltar a verba, enquanto outros dizem que ele desceu do palco e passou o chapéu para os espectadores, disposto a receber de imediato a colaboração de um público ainda espantado com o que tinha acabo de acontecer”.
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