quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ugo Giorgetti dispara

Existe um adjetivo mais forte do que "minúsculo"? "Diminuto", "ínfimo", "miúdo"? Para um cineasta bom como Ugo Giorgetti, infelizmente são esses os adjetivos justos para definir o tamanho do lançamento de "Solo", seu filme mais recente, que estreia nesta sexta, 14 de maio.

Na verdade, estrear já é uma vitória para o filme, já que o Adhemar do Espaço de Cinema foi resgatá-lo do limbo iminente. Confesso que ainda não assisti ao filme, mas tenho um baita respeito por outras coisas que o Giorgetti já fez, como "Festa" e "Sábado".

O cineasta deu uma entrevista séria ao Mauricio Stycer, publicada lá no UOL Cinema (o link está aqui). Um misto de sinceridade, decepção, raiva, resignação, crítica. Pulando os adjetivos e indo pra onde realmente interessa, Giorgetti questiona: pra onde vai o cinema brasileiro?

Só pra ter uma ideia:

- "E também o fato de que não é o seu roteiro, a sua ideia ou o seu valor pessoal que transforma você num candidato forte a fazer um filme, mas os seus contatos sociais. Formou-se uma cadeia que não tem nada a ver com o cinema."

- "Eu tinha o roteiro deste novo filme antes mesmo do “Boleiros 2”. Inscrevi na Ancine com outro título, “Abaixo a Ditadura”. Começamos a trabalhar e eu percebi que “Boleiros 2” era mais fácil de viabilizar em termos de dinheiro. Mas eu tinha que cancelar este projeto na Ancine – você não pode ter dois filmes ao mesmo tempo. Aí o burocrata na Ancine falou: “Esse filme é muito mais legal que o ‘Boleiros 2’. Não cancela”."

- "Fui no “pitching” (uma audição para seleção de projetos) em Paulínia. O cara que ia julgar os projetos logo falou: “Eu queria dizer que nós não entramos no mérito dos roteiros”. Eu falei: “Desculpe te interromper, mas você não entra no mérito dos roteiros?” Ele: “Não. O nosso critério é o quanto o filme vai ser rodado em Paulínia, quanto dinheiro vai ficar aqui, quantos empregos ele vai gerar”."

A entrevisa na íntegra ainda traz mais coisas para pensar e discutir, afirmar e desmetir. Algo que precisa ser lido.

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