
Cary Grant, Bette Davis, Spancer Tracy, Marlene Dietrich, Kirk Douglas, Vivian Leigh, Burt Lancaster, Greta Garbo, Gregory Peck, Katherine Hepburn, Rock Hudson, Clark Gable, Joan Crawford e muitos outros nomes vão ficar no imaginário de muitos espectadores para sempre.
Os produtores traziam uma ou duas estrelas para o filme e, pronto, o projeto saía do papel. Só tem um porém: é muito difícil fazer um filme apenas com dois atores. Um ótimo exemplo é A Embriaguez do Sucesso (Sweet Smell of Success no original), de Alexander Mackendrick, que teve uma exibição especial dia 20 no canal TCM – cópia, aliás, muito melhor do que a lançada em DVD, colorida posteriormente e com um som horrível.
Um filme de narrativa clássica cheio de altos e baixos. Um diretor habilidoso e apaixonado por travellings, dois atores fortes – Burt Lancaster e Tonny Curtis –, boa história etc. Elementos para tudo dar certo, né? Nem sempre. J.J. Hunsecker é um colunista social baseado na Broadway capaz de assustar até o presidente da república. Sidney Falco um assessor de imprensa desesperado por cavar notícias desde que não cumpriu uma promessa de favor a J.J. Aos poucos, entramos num mundo onde ter escrúpulos é moeda rara e, claro, possível ser adquirida com alguma barganha.
Há uma subtrama que envolve a irmã caçula de J.J., Susan (Susan Harrison), e seu namoradinho, o promissor músico Steve Dallas (Martin Milner). Aqui mora o problema: Milner e Susan são tão ruins, mas tão ruins, que, sem exageros, dá muita vergonha de vê-los naquelas situações. A expressão de Milner é tão significativa quanto a de uma tartaruga sonolenta. Enquanto seu colega baterista se esmera no instrumento, Steve toca guitarra como quem precisa matar o tempo.
Por outro lado Susan, seu par romântico, não fica atrás. Ela engata a marcha da “mulher sofredora que está a mercê dos homens” e vai nessa toada até o fim. Há um abismo entre esses dois com a dupla de protagonistas, Lancaster (perfeito e altivo) e Curtis (carismático e eficiente). O relacionamento do casal corre sérios riscos devido à manipulação de J.J., mas os atores não dão dimensão disso.
Com Milner e Susan, o trabalho de direção de Mackendrick parece inútil. De que adiantam travellings, decupagem, plongée e contra-plongée se parte fundamental de seu elenco é risonha? Nem a montagem plano/contraplano (câmera nele, câmera nela e assim por diante) alivia o incômodo.
A Embriaguez do Sucesso é um bom filme, que chega a seu objetivo (julgamento moral da desonestidade), mas seria assaz aprazível se Martin Milner e Susan Harrison tivessem um pouco mais de requebrado na interpretação.
Nem só com duas estrelas se faz um filme.
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