quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Festival de Brasília - Balanço - O que dizem os jovens?

Esse Amor que nos Consome, de Allan Ribeiro, um dos filmes que impregnam

Não faltaram filmes que, entre a acomodação e a busca, preferiram a segunda. O que, se olharmos sem romantismos, implica maiores dificuldades, caminhos mais esburacados. Por isso, saímos do Festival de Brasília sem um grande filme. Mas, por favor, não confundam essa afirmação com o que chegou a ser equivocadamente escrito, de que a “45ª edição do evento chega ao fim sem nenhum destaque com força para roubar os holofotes”. Desde quando cinema é ladrão de luz? Não sejamos levianos – ou cegos.


Grosso modo, os que mais instigam, os que ficam na memória, são as produções de realizadores que estrearam no longa de ficção aqui em Brasília. Tal recorte – metade das produções da mostra competitiva era de diretores estreantes – gerou o irônico comentário de que o festival candango havia abocanhado um grupo de filmes que facilmente poderiam estar competindo na Aurora da Mostra de Tiradentes, seleção dedicada a jovens realizadores.

Mas é justamente por conta desse recorte priorizado que o Festival de Brasília retoma seu posto de protagonista no extenso e abarrotado calendário de festivais no Brasil.

Continue lendo o balanço do Festival de Brasília na Revista Interlúdio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Brasília, 3º dia - Dormir com um filme, acordar sem ele (Boa Sorte, Meu Amor, A Mão que Afaga, Otto)

Boa Sorte, Meu Amor, de Daniel Aragão

Parte I – os que ficam


Nem sempre é assim, mas quando acontece é gostoso. Dormir com um filme, acordar com ele e dele se alimentar alguns dias. Após três dias de mostra competitiva, já começa a ficar claro os filmes que ficam, que revisitamos nas memórias, e os que se esvaem.

Ficam, entre os longas, Eles Voltam (mesmo que irregular) e A Memória que me Contam (justamente porque todos seus problemas servem como diagnóstico de uma situação). Antes de “bom” ou “ruim”, são filmes que gostei de ter visto. Ontem foi exibido Boa Sorte, Meu Amor, longa que, na primeira noite dormida com ele, está vivo. Será interessante observar sua imanência.

Daniel Aragão (Não me Deixe em Casa, Solidão Pública) não esconde a pretensão alta de seu filme. E obviamente é complicado manter um primeiro longa no topo, com regularidade em todos os planos, em todas as cenas.

Continue lendo o texto na Revista Interlúdio.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brasília, 2º Dia - Que país é esse? (A Memória que me Contam, Kátia)

Simone Spoladore em cena de A Memória que me Contam

Algumas coisas não se pode cobrar do cinema de Lúcia Murat (Uma Longa Viagem, Quase Dois Irmãos, Que Bom te Ver Viva). Uma delas é a insistência no assunto dos rastros da Ditadura. É chover no molhado dizer isso, mas quem faz filme parte de um ponto de vista, o seu, e se posiciona no mundo com suas experiências.


E há muito ficou claro que Lúcia tem no cinema a maneira de se manter viva, sobreviver a si mesma – é sabido que, tal como muitos de sua geração, a cineasta foi presa e torturada pela Ditadura Militar, sequela da qual jamais se recupera.

Pode-se cobrar, obviamente, que faça filmes bons. Mas não se pode reclamar de ter sido enganado: quando vamos assistir a um filme de Lúcia Murat já sabemos que estará em discussão o Brasil sob o ponto de vista da geração que lutou contra a truculência militar, uma avaliação de seus méritos/deméritos e invariavelmente uma desilusão com o que se tornou o país (especialmente a questão da esquerda no poder, o cenário pós-Lula).

Talvez mais interessante do que reclamar que é mais do mesmo seria perguntar por que não tocam no assunto com filmes as gerações que não viveram a tortura na pele? Ou de quem viveu aquele momento de maneira diferente, tal como Ugo Giorgetti e seu cinema humanista consegue com Cara ou Coroa? Não residiria a possibilidade de frescor na entrada de outros cineastas, mais jovens talvez, nesta seara?

Continue lendo o relato do Festival de Brasília na Revista Interlúdio.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Brasília, 1º dia: A cidade e suas bolhas (Eles Voltam, Câmara Escura, Linear)

Eles Voltam, de Marcelo Lordelo

A imagem-síntese do estado amedrontado em que uma certa classe média brasileira vive está em Recife Frio. Nela, pessoas literalmente brincam dentro de uma bolha gigante, que se parece com o monstrengo de Carpenter em Dark Star. A bolha física está colocada na bolha metafórica na sociedade capitalista contemporânea – o shopping center, substituto artificial dos encontros na praça pública, nas ruas.


Há pelo menos três anos temos assistido a filmes decididos em falar sobre os que vivem dentro da bolha – corrigindo: filmes tem sido produzidos, mas não necessariamente vistos, pois nem sempre eles encontram janelas de exibição além dos festivais.  O maior esforço tem vindo de Pernambuco em filmes que entre o panfleto e a ironia, preferem a segunda.

Eles Voltam e Câmara Escura, dois dos filmes da primeira noite da mostra competitiva do Festival de Cinema de Brasília articulam essa questão de maneira mais explícita, mas Linear, uma animação paulistana, também pode facilmente ser chamada para a conversa.

Continue lendo sobre o primeiro dia do Festival de Brasília na Revista Interlúdio.

Brasília, noite de abertura

A Última Estação, de Marcio Curi


Esse fenômeno lança alguma luz sobre a ambiguidade das posições do crítico brasileiro frente à produção cinematográfica de seu país. O filme nacional é um elemento perturbador para o mundo, artificial mas coerente, de ideias e sensações cinematográficas que o crítico criou para si próprio. Como para o público ingênuo, o cinema brasileiro também é outra coisa para o intelectual especializado. Atacando com irritação, defendendo para encorajar, ou norteado pela consciência de um dever patriótico, o crítico deixa transparecer sempre o mal-estar que o impregna. Todas essas posições, particularmente o sarcasmo demolidor, são véus utilizados para esconder o sentimento mais profundo que o cinema nacional suscita no brasileiro bem formado — a humilhação.

Algumas das ideias que Paulo Emílio Salles Gomes solidificou sobre o cinema brasileiro e seu estado subdesenvolvido, publicadas entre o começo dos anos 1960 até 73, data do seminal ensaio Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento, ficaram datadas. Outras, pelo contrário, mostram-se de uma atualidade cruel. Uma delas é o desconforto em lidar com a precariedade do cinema nacional – apesar do falacioso entusiasmo momentâneo provocado ou pela presença em festivais internacionais, no campo da legitimidade, ou no volume de recursos nos editais, no campo da produção.

Paulo Emílio será constantemente evocado nesta edição do Festival de Cinema de Brasília, a 45ª, por ser um dos eixos do evento – a atualidade de seu pensamento deverá nortear as discussões. É preciso lembrá-lo não só para completar o hiato da trajetória do cinema brasileiro nos últimos quarenta anos, mas para clarificar onde a crítica entra na problematização de uma cinematografia. Aí entra o mal-estar da crítica, a posição ambígua do crítico e o longa de abertura, A Última Estação.

Continue lendo o texto sobre a abertura do Festival de Cinema de Brasília na Revista Interlúdio.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Em Brasília

Brasília, a terra que não chove

-- Brasília --

Do calor e falta de chuva de São Paulo para o calor e a falta de chuva de Brasília. Cá estou para mais um Festival de Cinema de Brasília: esta é a 45ª edição e os textos mais elaborados, em forma de diário, ficam para a cobertura na Revista Interlúdio [leia aqui a página de festivais].

De tudo que aconteceu na abertura ontem, uma coisa me chamou atenção, mais até do que A Última Estação, o longa que iniciou os trabalhos: o Secretário de Estado de Cultura, Hamilton Pereira da Silva.

Normais são as participações de políticos, discursos inflados etc. Até aí nada demais, Brasília é igual a Tiradentes, que é igual a Recife. Não conheço de perto o trabalho dele, mas fiquei com um pé atrás ao ouvir alguém da plateia protestando contra o que chamou de não desvio dos recursos do FAC.

Me chamou atenção o tom inadequado, oficioso além da conta, enaltecendo o cinema, mas aparentemente distante dele. Aí eu entendi o que pegou: a pessoa que vi subindo no palco é muito, mas muito semelhante ao personagem comunista do grande filme de Ugo Giorgetti, Cara ou Coroa.

Está lá o personagem, no filme, do diretor de teatro falando de vanguarda, de arte e tal, mas esbarra no entendimento burocrático que o membro do partidão tem acerca da cultura, sua função para o povo. Mais conversa sobre a vanguarda, o Living Theater, a juventude, o trabalho de corpo. Mas o burocrata não entende, só quer saber de algo: vai ou não vai funcionar para a conscientização política a tal peça de teatro que o diretor está montando?

Vendo o secretário ontem -- que, repito, não acompanho o trabalho de perto -- pensei no filme de Giorgetti. Mesmo se passando em 1971 o delineamento que ele faz de certos personagens é tão preciso que permite essa conversa rápida entre o ontem e o hoje.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sobre Cosmópolis (ou o drible de Cronenberg)

Robert Pattinson, o bilionário amortecido

Cosmópolis, o novo de Cronenberg, é o que mais desafia o lugar confortável do espectador entre os longas que estrearam no Brasil neste ano de 2012.

Não que seja este um filme cifrado, hermético, apenas para os iniciados e aprofundados nos códigos do cinema. É, sim, um filme que pede uma saída do lugar passivo – aquele no qual a pessoa espera o filme acontecer – para ir em direção a ele, fazendo, assim, com que ele aconteça.

Há um objetivo inicial do personagem principal, Erick Packer – cortar o cabelo. Mas cada cena constitui uma unidade que tem de se resolver (e se resolve) sozinha. Individualmente provocam um gozo. Juntas formam o mosaico de Erick – e, em última instância, do capitalismo moderno, da especulação financeira, do dinheiro que faz dinheiro, do anestesiamento de tudo que não seja o poder.

Como notou Sergio Alpendre no texto para a Revista Interlúdio [leia aqui a crítica], Cronenberg usa a canastrice de Robert Pattinson a favor de um filme que não usa um registro naturalista. E isso obviamente causa um incômodo a quem entende cinema como sinônimo de imitação da vida, de aposta na ideia da continuidade – acho que Trabalhar Cansa, com pretensões distintas das de Cronenberg, também passou pelo preconceito das “interpretações artificiais”.

Não vale ficar aqui citando todas as cenas do filme, suas possíveis leituras. Ou destacar este ou aquele diálogo num filme cujo encantamento depende demais do texto. Nem há sentido em apenas descrever os procedimentos para um espectador que ainda não viu o filme.

Isso eu deixo para os grandes como o Inácio Araújo, que com sua conhecida habilidade em dar conta da passagem da leitura do filme ao texto crítico, como vê-se nesta crítica aqui.

E uma recomendação viva para que você veja Cosmópolis, o filme do homem-limusine, antes que ele seja chutado das salas.

Um texto mais sério fica para quando o filme sair em DVD.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre filmar sem dinheiro (ou John Carpenter)

Quando se fala das raízes do cinema de John Carpenter costuma-se deixar de fora da linha evolutiva seu primeiro longa, Dark Star (1974). Tal produção é tida mais como filme de estudante do que um filme propriamente dito.

Sabendo da força do universo do cinema de Hawks na carreira de Carpenter, até faz sentido buscar um começo, a fundação de uma obra, em Assalto à 13ª DP (Assault on Precint 13, 1976), filme que tem muito de uma dos filmes mais conhecidos de Howard Hawks, Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, 1959). Mas não vou me estender na comparação Hawks-Carpenter porque o dossiê que a Revista Contrampo fez há alguns anos já é muito efeito neste sentido [confira aqui o material completo].

Quero voltar a Dark Star. Falar-se-á muito de Carpenter nos próximos dias porque sua obra vai ganhar uma ampla retrospectiva durante o Festival do Rio, que começa no dia 27 – eu mesmo pretendo escrever algo mais elaborado na Revista Interlúdio. O que interessa neste post é a vitalidade de um filme irregular e imperfeito produzido quase que artesanalmente.

Anseio para ver a reação do público no Festival do Rio quando Dark Star tomar de assalto a tela do CCBB. Vão rir tal como fizeram em algumas cenas de Prelúdio Para Matar (Profondo Rosso), de Argento? Possível, bem possível. Como não rir dos efeitos especiais de um filme de ficção científica feito numa era anterior às bobagens ultratecnológicas de George Lucas?

Aí que reside a divertida contradição do filme. Ao mesmo tempo que se ri da tal nave espacial que orbita, existe uma admiração pela elaboração de Carpenter, pela maneira em como ele fez um filme a partir de muito pouco. Muitas cenas internas, música, movimentos de câmera para dar dinamismo e um arranjo moleque para enquadramentos “verticais” (a cena em que um dos tripulantes leva um baile de uma bola gosmenta grande e fica preso num elevador prestes a ser esmagado, uma sequência à Lubitsch num filme sci-fi!).



O Carpenter até Enigma do Outro Mundo (The Thing, 1982) não tinha grandes orçamentos, não fazia filmes de estúdio. Mas não deixou de fazer filmes nos quais acreditávamos (vide o recurso da elipse e da câmera subjetiva para a explosão do avião contra um arranha-céu em Fuga de Nova York (Escape From new York, 1981).

Os efeitos em CGI podem ter dado uma outra perspectiva em termos de ultrarrealismo. Mas para um espectador disposto a ver cinema, não participar de um parque de diversões (leia-se: filmes de Michael Bay), longas como Dark Star sobrevivem pois não sua capacidade em ser cinema não caduca. Apenas seus efeitos especiais.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Martin Scorsese - Curso com Francis e Paulo

Leitores do Urso de Lata, recomendo vivamente o curso Martin Scorsese - Da Nova Hollywood à Atual Hollywood, que será ministrado no Espaço Itaú Augusta (antigo Espaço Unibanco), no anexo, por Francis Vogner dos Reis e Paulo Santos Lima. Mais informações no release abaixo:

Curso sobre Martin Scorsese vai passar pelos principais aspectos da obra do diretor de Taxi Driver

CURSO REPASSA CINEMA DE MARTIM SCORSESE DOS ANOS 60 AOS DIAS ATUAIS


Ministrado pelos críticos e professores Francis Vogner dos Reis e Paulo Santos Lima, o curso “Martin Scorsese - da nova Hollywood à atual Hollywood” se debruça sobre a obra de um dos maiores cineastas vivos

Diretor de clássicos como “Táxi Driver”, “Touro Indomável”, “O Rei da Comédia”, “Os Bons Companheiros”, “A Época da Inocência” e “Os Infiltrados”, o cineasta nova-iorquino Martin Scorsese será tema de um curso no Espaço Unibanco de Cinema em São Paulo. “Martin Scorsese: da nova Hollywood à atual Hollywood” será ministrado pelos críticos, professores e pesquisadores de cinema Francis Vogner dos Reis e Paulo Santos Lima. Serão oito aulas, com quatro hortas de duração cada. O curso terá início no dia 18 de setembro e se encerrará no dia 11 de outubro.

“Martin Scorsese: da nova Hollywood à atual Hollywood” abordará todas as fases do cineasta, dos filmes que apresentaram o típico repertório scorseseano (os marginais, o bairro Little Italy, o catolicismo, a busca pela redenção num mundo caótico e infernal) aos documentários sobre cinema e música e as experimentações dos anos 2000, que, somados, mostram um Scorsese cinéfilo e interessado em celebrar a história do cinema.

Além dos seus clássicos, serão tratadas em aula algumas raridades como Uma Jornada Pessoal com Martin Scorsese pelo Cinema Norte-Americo, documentário realizado pelo diretor sobre a história do cinema nos Estados Unidos (1995), Minha Viagem à Itália (1999), The Blues: Feel Like Going Home (2003) e o elogiadíssimo George Harrison: Living in the Material World (2011). O aluno contará com uma rica indicação bibliográfica e filmográfica que inclui os trabalhos de outros diretores que atuaram na Nova Hollywood, como Francis Ford Coppola, Brian de Palma e Steven Spielberg.

Professores:
Paulo Santos Lima é crítico de cinema e jornalista.Colaborador do jornal Valor Econômico e das revistas Bravo! e Monet, escreveu na Folha de S.Paulo e é redator fixo da revista Cinética. Ministrou o curso "Filmes de gangster - dos anos 30 aos anos 2000" (CCSP), além de aulas junto a mostras do CCBB. Foi curador das mostras O Cinema em Terra Estrangeira, Cinema Francês pós-Nouvelle Vague e Do Curta ao Longa - A Criação Autoral no Cinema Paulista da Retomada, todas no CCBB.

Francis Vogner dos Reis é crítico de cinema, cofundador da revista Cine Imperfeito, colaborador das revistas Cahiers du Cinéma España, Filme Cultura, Teorema, Miradas del Cine (Cuba), La Furia Umana (Itália) e Foco Revista de Cinema, além de escrever para a Revista Cinética. É professor de cinema, produtor de mostras e roteirista, tendo ministrado cursos (Cinesesc) e workshops/oficinas (Faculdade Cásper Líbero). É roteirista do filme Carisma Imbecil, de Sergio Bianchi


Curso - “Martin Scorsese: da nova Hollywood à atual Hollywood”
Local: Espaço Unibanco de Cinema – Anexo
Rua Augusta, 1470 – Cerqueira César. São Paulo

Período: de 18 de setembro a 11 de outubro, terça e quintas das 19h30 às 22h30
Inscrições: (011) 3266-5115 ou pelo e-mail cursos@cinespaco.com.br
Rua Antônio Carlos, 288, 1 andar, das 10h às 18h
Formas de pagamento: Até 11/09 à vista R$ 370,00 ou dois cheques de R$ 195,00. A partir de 12/09 à vista R$ 400,00 ou 2 cheques de R$ 210,00

Festival do Rio - curtas da Première Brasil



O Festival do Rio anunciou os curtas-metragens selecionados brasileiros para a sua principal competição, a Première Brasil, além da programação para as mostras paralelas. À lista:


CURTAS EM COMPETIÇÃO

CURTAS FICÇÃO:
1.    A DAMA DO ESTÁCIO (The Lady From Estacio), de Eduardo Ades (RJ – 15’), com Fernanda Montenegro
2.    A NONA VÍTIMA (The Ninth Victim), de Diego Zon (ES – 11’);
3.     ACONTECE (It Happens), de Felipe O'Neill e Guilherme Scarpa (RJ – 7’);
4.    ALUGA-SE (SP For Rent), de Marcela Lordy (SP – 15’);
5.    CONDIÇÃO (Condition), de Victor Quintanilha (RJ – 14’);
6.    EVA NO VERÃO – UM FILME TREMIDO DE AMOR (Summer and Eve), de Dodô Azevedo (RJ - 15’)
7.    FUNERAL À CIGANA (Gypsy Funeral), de Fernando Honesko ( SP- 15’);
8.    LINEAR (Linear), de Amir Admoni (SP – 6’);
9.    O COLECIONADOR (The Collector), de Günter Sarfert (SP – 15’)
10.  PALHAÇOS NÃO CHORAM (Clowns don't cry), de Luisa Mello (RJ – 15’)
11.  PENAS (Feathers), de Paulinho Caruso (SP – 15’);
12.  REALEJO (Barrel Organ), de Marcus Vinicius Vasconcelos (SP – 13’);
13.  SINGELOS ENVELOPES (The mailbox), de Bruno Vaks (RJ – 14’)
14.  UMA VIDA INTEIRA (A whole Life), de Ricardo Santini e Bel Ribeiro (SP – 15’), com Alice Braga


CURTAS DOCS
1.    A CIDADE (The Village), de Liliana Sulzbach (RS - 15’);
2.    AGONIZA, MAS NÃO MORRE (Samba never dies), de Gabriel Meyohas (RJ - 13’);
3.    BARBEIROS (Barbers), de Luiz Ferraz e Guilherme Aguilar (SP – 15’);
4.    CONFETE (Confetti), de Jo Serfaty e Mariana Kaufman (RJ – 15’), WP;
5.    ZÉFIRO EXPLÍCITO (Zéfiro Explícito), de Sergio Duran e Gabriela Temer (RJ – 15’)


CURTAS da NOVOS RUMOS
1.    CANÇÃO PARA MINHA IRMÃ (Song for my sad sister), de Pedro Severien (PE - 15’)
2.    JANAÍNA (Janaína), de Anna Azevedo (RJ – 5’);
3.     O FIM DA NOITE (The End Of The Night), de Dagmar Klingenstein (RJ – 15’);
4.    O QUE RESTOU DO CÉU (What remains from the Sky), de Frederico Santiago (RJ – 9’);
5.    POVO FALA (Vox Pop), de Luka Melero (RJ -4’);
6.    SOUVENIRS DE VERÃO (Summer Souvenirs), de Luíza Carneiro e Marina Erlanger (RJ – 14’)


CURTAS - RETRATOS
1.    BARBARA EM CENA (Barbara on the Scene), de Ellen Ferreira (RJ – 15’); com Barbara Heliodora
2.    CABELO APRESENTA MC FININHO E DJ BARBANTE NO BAILE FUNK (GENTIL) CARIOCA (CABELO presents MC FININHO E DJ BARBARNTE at the funk ball (KIND) CARIOCA), de Marcella Virzi (RJ – 6’);
3.    O PAI DO GOL (The Father Of Goal), de Luiz Ferraz (SP – 15’);
4.    O SONHO DE LAURA (Laura's Dream), de Sabrina Carauta e Jasmin Sánchez (RJ – 14’).


Textos relacionados:
Seleção de longas-metragens da Première Brasil do Festival do Rio

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Os Mercenários 2 - Crítica

Jean-Claude Van Damme, o vilão de Os Mercenários 2


- I'll be back.
- You've been back too many times!

Os Mercenários 2 é um playground cinéfilo, um parque de diversões lúdico no qual os iniciados exercitam o gozo de desfrutar do diálogo tácito com filme e com o desconhecido na poltrona ao lado, um desconhecido familiar, já que ele compartilha – imagina-se – do mesmo passado de cinefilia.

Tanto o primeiro quanto esta sequência ganharam vocativos – muitos demeritórios – como “filme de menino”, “filme-testosterona”, “filme nostálgico”, “filme de ação violento”. Prefiro apenas chamá-lo de filme, sem mais, mesmo que haja um pouco de verdade em cada uma desses rótulos. Nunca é demais lembrar, porém, que quem se prende ao rótulo usa subterfúgios para um contato com o filme.

Existe todo o subtexto de referências ao passado cinematográfico dos atores de Os Mercenários 2, o qual obviamente remete aos anos 70 (no caso de Stallone) e 80 (Schwarzenegger, Van Damme, Dolph Lundgren). Ter esse passado comum como espectador é uma parte da chave para acessar especialmente o humor do filme.

Mas acho pouco focar a leitura do filme aí. A entrada de Chuck Norris nesta sequência oferece um outro componente para leitura. Enquanto os outros sexagenários lutam para dar conta do mesmo tipo de personagens que lhes era reservado no auge, Norris performa uma imagem fantasiosa que se formou em torno dele. O Norris do filme não é real, mas mito, lenda. E o que ele interpreta em Os Mercenários 2 não é sequer um personagem, mas uma imagem que se tem em torno dele. Uma imagem obviamente construída pela cultura pop. Uma miragem, uma assumida mentira.

Continue lendo a crítica de Os Mercenários 2 na Revista Interlúdio.

sábado, 1 de setembro de 2012

O prazer de conversar sobre o filme (ou os tapinhas nas costas)



Acabou mais um Festival de Curtas. Alguns filmes realmente bons; outros bons, mas de plástico; outros equivocados, mas buscando um caminho; algumas bobagens e bombas. Festival possibilita também muitos encontros, conversas, trocas, leituras compartilhadas sobre filmes.

Mas para que haja o encontro de fato, não as performances corporais, é preciso ter muita paciência, porque nem sempre ele está ali, latente, disponível. É preciso aturar o caminho esburacado, as “conversas inteligentes”, os tapas nas costas, os “seu filme é do caralho” (quando o filme não é nada mais que OK) e afins. Conversas em festivais de cinema são como diamante: é preciso lapidá-las até chegar àquelas que realmente importam, que realmente acrescentam, que representam uma troca de mão dupla. Quando esses encontros genuínos acontecem surge algo mágico: o prazer de conversar sobre um filme.

Tive alguns encontros, dos quais destaco um: a discussão em torno de Quem Tem Medo de Cris Negão?, curta-metragem de René Guerra que acabou ficando entre os dez favoritos do público do Festival de Curtas. Foram duas conversas distintas: uma com dois amigos (eu gosto do filme, os outros têm restrições) e outra com um amigo que amou incondicionalmente o curta.

Na minha leitura, esse curta tem uma preocupação em não idealizar uma personagem cujos atos são extremamente contraditórios. Por isso, é muito bem vindo o reflexo estilhaçado das entrevistadas, que denotariam a consciência da impossibilidade em construir uma imagem inteira e íntegra, sem máculas. Cris Negão é amada e odiada. A representação que o filme escolhe me basta.

Já os outros dois amigos que gostaram menos do curta de René enxergam os mesmos mecanismos do espelho estilhaçado como uma distração desnecessária para a tensão iminente nas próprias entrevistas. Não se referem à tensão entrevistador-entrevistada, mas entrevistada-público, pois são travestis, todas lindamente montadas para a câmera. Os espectadores riem, mas do que, perguntam os amigos? É realmente da parte cômica ou há um riso nervoso? É essa tensão que esses amigos da prosa gostariam de ter desenvolvido mais na experiência de assistir ao filme, mas o dito cujo não deixou por conta do que eles chamaram de maneirismos.

No outro lado da corda, houve a conversa com um outro amigo que amou Quem Tem Medo de Cris Negão?. Para ele, o curta é uma homenagem não só à sua protagonista (assassinada em 2007 provavelmente por um desafeto colhido em anos de caftinagem), mas às próprias travestis. Tanto que o cenário que René é preto, jogando toda a atenção para elas, as personagens-protagonistas-entrevistadas. Além disso, na leitura deste outro amigo, o filme é, ao mesmo tempo, um documentário e um filme noir, pois refere-se à atmosfera do gênero para reconstruir a trama da morte de Cris.

Três leituras diferentes do mesmo filme. Três níveis distintos na escola do gostei-não gostei. Mas quatro pessoas com um interesse genuíno em compartilhar experiências com o mesmo filme, em vez de interpretarem o personagem d'Aquele que Dá o Tapinha nas Costas (bem comum entre os realizadores) e Aquele que é Agente do Convencimento (bem comum entre os críticos).

O problema é que se precisa tirar muita pedra do caminho para que esses encontros aconteçam.

Leia mais:
Crítica de Quem Tem Medo de Cris Negão?