quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brasília, 2º Dia - Que país é esse? (A Memória que me Contam, Kátia)

Simone Spoladore em cena de A Memória que me Contam

Algumas coisas não se pode cobrar do cinema de Lúcia Murat (Uma Longa Viagem, Quase Dois Irmãos, Que Bom te Ver Viva). Uma delas é a insistência no assunto dos rastros da Ditadura. É chover no molhado dizer isso, mas quem faz filme parte de um ponto de vista, o seu, e se posiciona no mundo com suas experiências.


E há muito ficou claro que Lúcia tem no cinema a maneira de se manter viva, sobreviver a si mesma – é sabido que, tal como muitos de sua geração, a cineasta foi presa e torturada pela Ditadura Militar, sequela da qual jamais se recupera.

Pode-se cobrar, obviamente, que faça filmes bons. Mas não se pode reclamar de ter sido enganado: quando vamos assistir a um filme de Lúcia Murat já sabemos que estará em discussão o Brasil sob o ponto de vista da geração que lutou contra a truculência militar, uma avaliação de seus méritos/deméritos e invariavelmente uma desilusão com o que se tornou o país (especialmente a questão da esquerda no poder, o cenário pós-Lula).

Talvez mais interessante do que reclamar que é mais do mesmo seria perguntar por que não tocam no assunto com filmes as gerações que não viveram a tortura na pele? Ou de quem viveu aquele momento de maneira diferente, tal como Ugo Giorgetti e seu cinema humanista consegue com Cara ou Coroa? Não residiria a possibilidade de frescor na entrada de outros cineastas, mais jovens talvez, nesta seara?

Continue lendo o relato do Festival de Brasília na Revista Interlúdio.

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