Vanessa Paradis, a mãe em Café de Flore |
Fiquei surpreso com a circulação de Café de Flore, terceiro longa de Jean-Marc Valée, diretor do ótimo C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor, ter ficado restrita a festivais menores. No Brasil, o filme deverá ser exibido em março na Semana da Francofonia, no CineSesc.
Café de Flore mostra a recuperação de Valée após o fraco A Jovem Rainha Victoria. Um bom filme que consegue fugir tanto do pieguismo quanto do proselitismo ao falar dos rastros de vidas passadas – uma mãe parisiense de um filho com Síndrome de Down – no presente – a relação de amor de um casal em Montreal.
C.R.A.Z.Y. é melhor, até porque caminha em linha reta, enquanto Café de Flore vai e volta no tempo – só lá pela primeira hora de filme ficam mais claras as relações temporais que o longa está traçando. Ele carrega uma porção de características que um certo cinema independente, especialmente o americano, adora: música para temperar cenas e auxiliar no ritmo, imagens plásticas, personagens mergulhando na piscina para reflexão psicológica, tempo fragmentado etc.
Nas imagens feitas por Valée, vejo um sentimento de afeto genuíno entre os personagens. Isso se sobrepõe a qualquer esteticismo do filme. O amor se sobressai e Valée segura as rédeas – até o uso extensivo de Sigur Rós na trilha não incomoda.
Gosto especialmente como o cinema do canadense lida com a música. Em C.R.A.Z.Y. há a cena sublime de Zach atuando para o espelho ao som de Space Odity, do Bowie. No novo filme, constrói-se todo um subtexto que perpassa diferentes histórias com a música que dá nome ao filme, num arranjo de Matthew Herbert, o Doctor Rockit – clique aqui e veja a setlist do filme.
Voltarei a Café de Flore quando estiver próxima a Semana da Francofonia. Por ora, a canção-tema do filme de Jean-Marc Valée.
Nenhum comentário:
Postar um comentário