Os filmes são Last Days e Candy. O primeiro se inspira nos últimos dias de Kurt Cobain, vocalista da banda Nirvana, e constrói um universo marcado por derrocada. Já o diretor australiano conta a história de um casal, Daniel e Candeance, do auge da relação ao fim ético e moral. Boa parte da narrativa, porém, se concentra no processo de destruição.
A diferença entre as obras está na ousadia e na ambientação das duas situações. Gus Van Sant opta por mergulhar insanamente no mundo de Blake, o roqueiro viciado. Tudo é soturno, obscuro. A sensação é que na lente da câmara de Gus havia uma seringa de heroína à qual o espectador injeta antes de ver o filme.
As imagens não dão concessão. O mundo de Blake está vazio. Ele não consegue sequer articular uma palavra. Só há grunhidos, gemidos. É como se o diretor penetrasse no mundo de Blake e olhasse para ele de dentro, vivendo a situação.
A opção de Armfield difere sensivelmente. Em “Candy”, o espectador é racional. Há uma clara divisão entre quem está se sentando na poltrona e o que acontece na tela. Tudo é visto de fora. Todas as “viagens” do casal drogado são vistas por um espectador sóbrio. A indicação de que eles estão sob efeito da heroína são, obviamente, as imagens, mas, principalmente, a ópera executada toda vez que injetam.
Enquanto Gus vai e volta, mostrando a mesma situação sob a perspectiva de personagens diferentes – assim como havia feito em Elefante –, Armfield mantêm sua câmera na mesma posição de observador social externo ao que acontece entre Candy e Dan.
Em tempo II: Blake, nome do roqueiro viciado no filme de Gus Van Sant, também é o nome do marido de Amy Winehouse, a junkie do momento. Por ele, Amy já aprontou várias.
Em tempo III: Last Days não passou nos cinemas brasileiros. Foi lançado em Cannes em 2005, passou no Festival do Rio e foi lançado diretamente em DVD no mercado nacional.
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