terça-feira, 16 de outubro de 2012

MostraSP: Cine Holliúdy e Robocop: o pai que dá o exemplo

Cine Holliúdy, de Halder Gomes, que será exibido na Mostra de Cinema de SP

Buscando na memória as reminiscências da sessão de Cine Holliúdy no Festival de Brasília, me veio a lembrança não só da paixão de Francisgleydisson, o protagonista, pelo cinema, mas seu esforço em dar o exemplo ao filho.

O longa de Halder Gomes será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, esta é a razão para recuperar o filme na memória. Um filme que merece ser visto por diagnosticar, pela comédia, a precariedade de se fazer cinema no Brasil.

Mas esse aspecto eu deixo para ser comentado no texto da Revista Interlúdio, a ser publicado pela semana – aliás, boa parte da minha cobertura da Mostra estará por lá. A razão do post é a questão dos laços familiares e o exemplo ao filho.

Francisgleydisson briga com o poder da televisão numa cidadezinha (o filme se passa nos anos 1970) e luta para manter seu cineminha aberto. Lá passa filmes de kung-fu em cópias precárias. Cabra arretado, ele persiste num cenário adverso.

Em boa parte pelo amor ao cinema, mas não só. É a necessidade em se fazer exemplo para o filho, dando sustentação real aos sonhos do garoto, que serve também de combustível na travessia de Francisgleydisson. É aí que Cine Holliúdy, uma comédia chanchadeira, e Robocop, obra-prima de ação de Paul Verhoeven, se encontram.

É por saber que o filho tem como herói um policial de seriado que devolve com malabarismo de caubói a arma ao coldre que o também policial Murphy se arrisca a encarar os bandidões sozinho. E paga por isso. Perde não só seu corpo e sua autonomia como ser humano, mas especialmente a família.

Em ambos os filmes, o exemplo paterno é um poderoso subtexto. E ambos também compartilham de narizes torcidos. Robocop porque muitos ainda não conseguem aceitar que filmes de ação também são obras-primas; Cine Holliúdy (que não é uma obra-prima, não exageremos) por parecer fútil e apenas “engraçado” nas suas peripécias.

São filmes que não merecem ficar no limbo.

Nenhum comentário: