Entre os filmes, muitos desconhecidos do grande público. Um deles é Desde que Otar Partiu (Depui qu’Otar est parti), centrado em uma família cujas mulheres vivem a ausência da figura masculina. Otar, o filho mais velho, partiu da Geórgia para a França em busca de condições melhores de vida. O máximo que consegue é trabalhar como pedreiro, colocando o diploma de medicina no bolso.
Sua mãe, que já passa dos oitenta, admira a figura de Otar, o que gera ciúmes na irmã dele, que ainda tem de lidar com uma relação instável com a própria filha. O problema é que Otar morre e, como a matriarca está muito velha, mãe e filha resolvem esconder o fato.
Os movimentos para manter a falsa lembram, em certa medida, o alemão “Adeus, Lênin”, no qual o filho dedicado tenta reconstuir a recém destruída União Soviética para a mãe enferma que estava em coma quando o muro de Berlim e a URSS acabaram.
Expandindo as possibilidades, o tema da migrante em apuros na nova terra está em Você é Tão Bonito (Je Vous Trouve Très Beau). Para sustentar a família carente, a romena Elena (Medeea Marinescu) tenta arranjar um noivo endinheirado na França. Acaba parando na fazenda de um rude camponês, pelo qual se apaixona. Aqui, diferente de Otar, o clima é de comédia.
Inédito da oscarizada Cotillard
Outro filme importante da mostra da Cinemateca é Você e Eu (Tu et Moi), com a Marion Cotillard, que pelo papel em Piaf (La Mome) ganhou o Oscar de melhor atriz. Assistir Você e Eu é a oportunidade rever a birrenta Anna (Julie Depardieu) de A Culpa É do Fidel (La Faute À Fidel).
Por último, E Deus Criou a Mulher (Et Dieu Crea La Famme), de 1956, com direção de Roger Vadim. Uma Brigitte Bardot estonteante, linda, maravilhosa, beirando a perfeição e esbanjando sensualidade.
Em tempo: foi com esse filme que Brigitte, dona dos lábios mais famosos do mundo, ganhou repercussão. A Legião da Decência, ligada à Igreja Católica, condenou o filme devido ao conteúdo sexual.
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2 comentários:
"Desde que Otar Partiu" é o meu filme cult do coração... Tem o seu lugar reservado na estante de casa e de vez em quando pego para rever. Aliás, até hoje me arrepio com aquele final. Esther Gorintin arrasa no papel da mãe-avó e, ao lado de China Zorrilla (de Elsa e Fred), é a minha atriz preferida nessa faixa etária.
Zorilla está genial em "Elsa e Fred", uma mequetrefe de primeira.
"Otar" foi a dica de uma amiga, a ju sayão, que viu o filme em DVD e chegou me contando (isso há quase dois anos) sobre o filme. aluguei em seguida e, no fim do ano passado, comprei.
Você tinha comentado se o "Você É Tão Bonito" estaria na mostra da Cinemateca. Eu acho que merecia estar, acrescentaria e muito nos filmes escolhidos. A romena é uma mulher e tanto: sai do país de origem para se submeter ao que for preciso na França para sobreviver.
(claro que o filme tem uma coisa meio água-com-açúcar, porque acaba bem e é uma comédia)
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