segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
TIRADENTES 2012: Política, cidade e debate entre crítica e cineastas marcam mostra
Muita coisa aconteceu na pequenina Tiradentes nos últimos nove dias. Da homenagem a Selton Mello à premiação de A Cidade é uma Só?, torna-se até difícil abarcar em apenas um texto o que aconteceu na 15ª Mostra de Tiradentes, tamanha a intensidade dos debates e a possibilidade de diálogos oferecida pelos filmes exibidos.
Passando pelos longas-metragens que competiram na seleção Aurora, dedicado a novos realizadores comprometidos com um cinema um pouco diferente do que você está acostumado a ver no circuito comercial, percebe-se uma preocupação clara com a cidade e o desenvolvimento urbano. Melhor: por um viés político-cinematográfico.
São os casos de A Cidade é uma Só?, grande premiado da Mostra de Tiradentes, HU, agraciado pelo Júri Jovem, Corpo Presente, As Horas Vulgares e Balança Mas Não Cai, cinco dos sete filmes projetados na Aurora.
Continue lendo o texto de balanço da Mostra de Tiradentes no Cineclick.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
J. Edgar, de Clint Eastwood – Parte 1
O blog Urso de Lata inicia neste post uma sequência de comentários sobre J. Edgar. Os textos partem de uma sensação de limitação em dar conta de todos os aspectos do novo filme de Clint Eastwood - sejam os méritos e os deméritos - em um único texto. Indicado a dois Globos de Ouro e sumariamente ignorado no Oscar, o filme estreia nesta sexta-feira (27/1).
John Edgar Hoover, um homossexual
A homossexualidade do todo-poderoso do Federal Bureau of Investigation segue o script dos gays até os anos 1950: discrição e vida dupla. Silêncio. Não há um parceiro da intimidade, mas um amante dublê de amigo e braço direito.
Existem algumas lindas cenas que dão conta do conflito de um homem que não pode estar inteiro nos principais momentos de sua vida. A mais bonita é a que em Leonardo DiCaprio se confronta com seu reflexo no espelho. Ele ameaça colocar um colocar da mãe no pescoço e envergar seu vestido. “Resista, Edgar. Resista”, diz em voz alta, citando uma conversa com a mãe já morta.
Sim, um momento forte. É quando um homem talhado para ser forte, impenetrável, teso e jamais trôpego, desnuda-se para o espelho (e para a câmera). É quando um mito vira homem. E o homem torna-se menino. O menino precisa de colo, mas não tem.
Mesmo emocionante, linda e marcante, esta cena é de irritante didatismo. É quase uma apropriação primária de Lacan e de como o sujeito se constrói a partir da imagem que lhe é devolvida pelo espelho. O roteiro de Dustin Lance Black lançou mão de um chavão, de um espaço naturalmente dramático (o quarto pouco iluminado, um homem e um espelho) para criar um efeito de descoberta.
Profundamente eficiente. Profundamente tocante. E profundamente repetitiva.
Milk e J. Edgar: Sean Penn e DiCaprio
Por outro lado, é evidente a importância de um roteirista assumidamente homossexual como Lance Black. Assim, o filme não foge de um aspecto fundamental do caráter do personagem. Mas é curioso pensar também em J. Edgar como a antítese de Milk – A Voz da Igualdade, o longa anterior de Lance Black como roteirista.
Harvey Milk é o homem para fora, John Edgar Hoover volta-se para dentro. Um é expansão, outro repressão. Se é explícita a oposição dos filmes, há quesitos que os une por razoes diversas. O principal deles é o amor.
Milk prega o amor, mas não o vive por se dedicar fortemente à militância contra a repressão aos homossexuais nos Estados Unidos nos anos 1970. Hoover também ama, mas não vive a plenitude do sentimento. Em parte, pela prisão do cargo de fundador e diretor do FBI por 48 anos; em parte, porque para ele é a imagem do horror amar outro homem.
É no amor que não pode ser vivido por conta de circunstâncias externas que Milk – A Voz da Igualdade e J. Edgar conversam.
Mesmo didático, o roteiro de Lance Black capta com sensibilidade outra característica de Hoover e um arquétipo da homossexualidade em determinados períodos históricos. A relação dele com seu companheiro/braço direito/testa de ferro/amor Clyde Tolson é a de um companheirismo velado, de breque e freio quando se chega muito perto, muito dentro.
J. Edgar compartilha alguns sentimentos conosco – especialmente o de melancolia. Hoover é um personagem muito contraditório. Um escroto de primeira marca por muitas vezes. E no filme há um aspecto em que a homossexualidade de Hoover e sua postura como diretor do FBI andam juntas:
John Edgar Hoover é um homem que bate pra não ser arranhado.
Afeto
O afeto é um aspecto do filme que permanece. E aí entra a sensibilidade de Clint Eastwood para situações que são barril de pólvora – vide o que está debaixo dos escombros de Sobre Meninos e Lobos.
É no comentário sobre o afeto da tortuosa relação de Edgar com Clyde que Clint consegue ser contemporâneo – por abordar frontalmente a hoje explicitada homossexualidade do todo-poderoso do FBI –, mas sem que isso implique um anacronismo na sua direção.
O tratamento que Clint dá à homossexualidade de Edgar não é covarde, mas também não é panfletário. Há um equilíbrio no tom para o que a história desse filme realmente precisa. A sensação é de que não há uma pré-concepção de qual nota J. Edgar executaria para se aproximar do tema. Toca-se na nota que o personagem – e o contexto histórico – pedem.
E qual é a chave que o filme encontra? A do afeto. E me parece ser a mais adequada quando se trata de um filme de uma época em que afagar a mão de outro homem seria ato impensável.
Com isso, por favor, espero que não se entenda que este comentário é um manifesto por mais pudor no cinema. Pelo amor de Deus! Senão, este blogueiro não teria dedicado um ensaio e tantos outros comentários apaixonados pelo cinema de Jacques Nolot, a antítese do tratamento do sexo que o filme de Clint opta.
É apenas reconhecer que a sensibilidade de Clint é fundamental para que toda a narrativa quanto à homossexualidade de John Edgar Hoover flua com naturalidade, não com uma imposição externa.
Textos relacionados:
Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres - Crítica
Rooney Mara, indicada ao Oscar de Melhor Atriz |
Antes de perder tempo comparando quem é melhor – o original sueco ou a refilmagem hollywoodiana –, é mais interessante enveredar por outro aspecto de Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres: o ruído entre o mundo de ontem e o mundo de hoje.
Nesse filme de ação e mistério (ora agudo, ora assustador), há duas maneiras de desvendar um mistério: o da dedução lógica e contato tete-a-tete e o ultratecnológico. Por trás dos efeitos constantes de Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres e do jogo de xadrez cadavérico que o jornalista Mikael (Daniel Craig, fraco como de costume) e Lisbeth (Rooney Mara, muito interessante) tentam compreender, existe o confronto entre métodos de investigação.
Continue lendo a crítica na Revista Interlúdio.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Protesto contra violência da polícia em Pinheirinho chega a Tiradentes
Marat Descartes, um dos atores de Corpo Presente, protestou contra violência em comunidade do Pinheirinho |
A noite de quarta-feira (25/1) na Mostra de Tiradentes foi de celebração pela pré-estreia de Corpo Presente, mas também de protestos. Assim como acontecera há dois dias quando os cineastas Juliana Rojas e Marco Dutra, de Trabalhar Cansa, criticaram a ação da Polícia Militar, endossada pela prefeitura de São José dos Campos e pelo governo do Estado de São Paulo, de desocupação da comunidade do Pinheirinho, o ator Marat Descartes leu, no palco do Cine Tenda, uma moção de repúdio.
“Estamos em um momento de alegria e celebração, mas não podemos fechar os olhos para algo de muito grave que está acontecendo em nosso país e, em especial, São Paulo”, disse Descartes, antes de iniciar a leitura da “Moção de repúdio à política do coturno em Pinheirinho”, mesmo manifesto que havia sido lido por Rojas e Dutra na terça-feira. O público do Cine Tenda aplaudiu a atitude.
Continue lendo a matéria no Cineclick.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
As Horas Vulgares: jazz e desencanto na Mostra de Tiradentes
As Horas Vulgares, raro exemplo de longa-metragem produzido no Espírito Santo |
Após um começo desinteressante com o documentário Balança mas Não Cai, a seleção Aurora da Mostra de Tiradentes, dedicada a diretores no primeiro ou no segundo longa-metragem, ganhou novo ânimo na noite de terça-feira (23/1) com a exibição de As Horas Vulgares.
Dirigida por Rodrigo de Oliveira e Vitor Graize, o filme se passa em Vitória, Espírito Santo, e tem como centro de ação o encontro de dois amigos, Théo e Lauro, na noite das ruas da cidade e na casa de amigos. Numa bela fotografia em preto e branco, eles lembram do passado, de uma mulher que une a história os dois (ela se chama Clara), das noites de jazz e do desconforto com a falta de ação.
Continue lendo a crítica no Cineclick.
Morre Theo Angelopolos, de A Poeira do Tempo
Angelopoulos em Cannes com a Palma de Ouro por Uma Enternidade em um Dia |
Atropelado, vejam só, enquanto buscava uma locação para O Outro Mar, filme que lidaria com a crise na Grécia. O mestre grego Theo Angelopolous se vai, dois anos e meio depois de ter na Mostra de SP uma grande retrospectiva de seus longas.
O cinema de Angelopolous é peça-chave para entender a formação da Grécia. Alguns links para se entender o diretor de A Poeira do Vento:
Entrevista a Luiz Joaquim, do Cinema Escrito (clique na aba entrevistas e busque na página pela matéria)
Perfil do The Guardian (UK) com a estética do cineasta e seu projeto inconcluso.
Pequeno perfil com fatos e prêmios da carreira de Angelopoulos
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Oscar 2012: veja lista dos indicados ao prêmio da Academia
Algumas surpresas na lista do Oscar |
- Na categoria Melhor Filme, a Academia indicou nove filmes, sendo sete já incluídos na premiação do Sindicato dos Produtores (PGA). Entraram A Árvore da Vida e Tão Forte, Tão Perto -- saiu Missão Madrinha de Casamento.
- Já em Melhor Ator, duas surpresas: Nick Nolte e Max von Sydow.
- No roteiro, ótima surpresa: Asghar Farhadi, de A Separação [leia a crítica] foi um dos cinco indicados. Por outro lado, Missão Madrinha de Casamento também foi indicado. Que coisa...
- Na direção, David Fincher foi ignorado, assim como em Melhor Filme, já que Millenium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres ficou fora.
- Na categoria Melhor Atriz, que parecia ser a mais fechada e com menos surpresas, teve uma troca significativa: saiu Tilda Swinton, de Precisamos Falar sobre Kevin, e entrou Rooney Mara, de Millenium.
- Fato raro: um ano sem nenhum filme da Pixar indicado a Melhor Animação. Rio, de Carlos Saldanha, não entrou.
- Na Trilha Sonora, John Williams abocanhou duas indicações por Cavalo de Guerra e As Aventuras de Timtim. Se ele espirrar, a Academia vai indicá-lo. Mas o genial Alexandre Desplat, candidato por A Árvore da Vida, Carnage e Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II, passou longe. É...
- Em filme estrangeiro, o belga Bullhead foi indicado. Piada, né? Filme fraquíssimo.
- Apenas duas canções originais foram indicadas. Regras da Academia de elegibilidade, coeficiente etc (entenda aqui no artigo IV, Voting)
Melhor Filme
Cavalo de Guerra (War Horse)
O Artista (The Artist)
O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)
Os Descendentes (The Descendants)
A Árvore da Vida (The Tree of Life)
Meia-noite em Paris (Midnight in Paris)
Histórias Cruzadas (The Help)
A Invenção de Hugo Cabret (Hugo)
Tão Forte, Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close)
Atriz Coadjuvante
Bérénice Bejo (O Artista)
Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)
Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento)
Janet McTeer (Albert Nobbs)
Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)
Ator Coadjuvante
Kenneth Branagh (Sete Dias com Marylin)
Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo)
Nick Nolte (Warrior)
Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)
Max von Sydow (Tão Forte, Tão Perto)
Melhor Atriz
Glenn Close (Albert Nobbs)
Rooney Mara (Millenium - O Homem que Não Amava as Mulheres)
Viola Davis (Histórias Cruzadas)
Meryl Streep (Dama de Ferro)
Michelle Williams (Sete Dias com Marylin)
Melhor Ator
Demian Bichir (A Better Life)
George Clooney (Os Descendentes)
Jean Dujardin (O Artista)
Gary Oldman (O Espião que Sabia Demais)
Brad Pitt (O Homem que Mudou o Jogo)
Melhor Direção
Michel Hazanivicus (O Artista)
Alexander Payne (Os Descendentes)
Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)
Woody Allen (Meia-noite em Paris)
Terrence Malick (A Árvore da Vida)
Melhor Roteiro Original
The Artist
Bridesmaids
Midnight in Paris
Margin Call
A Separation
Melhor Roteiro Adaptado
The Descendants
Hugo
The Ides of March
The Girl With the Dragon Tattoo
Tinker Tailor Soldier Spy
Melhor Filme em Língua Estrangeira
Bullhead
Footnote
In Darkness
Monsier Lazhar
In Separation
Melhor Animação
A Cat in Paris
Chico & Rita
Kung Fu Panda 2
Puss in Boots
Rango
Melhor Curta-metragem em Animação
Dimanche/Sunday, de Patrick Doyon
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce and Brandon Oldenburg
La Luna, de Enrico Casarosa
A Morning Stroll, de Grant Orchard and Sue Goffe
Wild Life, de Amanda Forbis e Wendy Tilby
Melhor Curta-metragem
Pentecost, de Peter McDonald and Eimear O'Kane
Raju, de Max Zähle and Stefan Gieren
The Shore, de Terry George and Oorlagh George
Time Freak, de Andrew Bowler and Gigi Causey
Tuba Atlantic, de Hallvar Witzø
Melhor Trilha Sonora
As Aventuras de Timtim (John Williams)
O Artista (Ludovic Bource)
A Invenção de Hugo Cabret (Howard Shore)
O Espião que Sabia Demais (Alberto Iglesias)
Cavalo de Guerras (John Williams)
Melhor Canção Original
Man or Muppet, de Os Muppets (Música e letra de Bret McKenzie)
Real in Rio, de Rio (Música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, letra Siedah Garrett)
Edição de Som
Drive (Lon Bender e Victor Ray Ennis)
Millenium – Os Homens Homens que Não Amavam as Mulheres (Ren Klyce)
Hugo (Philip Stockton e Eugene Gearty)
Transformers: O Lado Oculto da Lua (Ethan Van der Ryn e Erik Aadahl)
Cavalo de Guerra (Richard Hymns and Gary Rydstrom)
Mixagem
Millenium – Os Homens que Amavam as Mulheres (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson)
Hugo (Tom Fleischman and John Midgley)
O Homem que Mudou o Jogo (Deb Adair, Ron Bochar, Dave Giammarco e Ed Novick)
Transformers: O Lado Oculto da Lua (Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin)
Cavalo de Guerra (Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson)
Efeitos Visuais
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II (Tim Burke, David Vickery, Greg Butler and John Richardson)
A Invenção de Hugo Cabret (Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning)
Gigantes de Aço (Erik Nash, John Rosengrant, Dan Taylor e Swen Gillberg)
Planeta dos Macacos: A Origem (Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett)
Transformers: O Lado Oculto da Lua (Scott Farrar, Scott Benza, Matthew Butler e John Frazier)
Melhor Maquiagem
Albert Nobbs (Martial Corneville, Lynn Johnston e Matthew W. Mungle)
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II (Edouard F. Henriques, Gregory Funk e Yolanda Toussieng)
A Dama de Ferro (Mark Coulier e J. Roy Helland)
Melhor Documentário
Hell and Back Again
If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front
Paradise Lost 3: Purgatory
Pina
Undefeated
Melhor Documentário em Curta-metragem
The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
God Is the Bigger Elvis
Incident in New Baghdad
Saving Face
The Tsunami and the Cherry Blossom
Melhor Montagem
O Artista (Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius)
The Descendants (Kevin Tent)
Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (Kirk Baxter e Angus Wall)
A Invenção de Hugo Cabret (Thelma Schoonmaker)
O Homem que Mudou o Jogo (Christopher Tellefsen)
Direção de Arte
O Artista (Production Design: Laurence Bennett; Set Decoration: Robert Gould)
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II (Production Design: Stuart Craig; Set Decoration: Stephenie McMillan)
A Invenção de Hugo Cabret (Production Design: Dante Ferretti; Set Decoration: Francesca Lo Schiavo)
Meia-noite em Paris (Production Design: Anne Seibel; Set Decoration: Hélène Dubreuil)
Cavalo de Guerra (Production Design: Rick Carter; Set Decoration: Lee Sandales)
Melhor Fotografia
O Artista (Guillaume Schiffman)
Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres (Jeff Cronenweth)
A Invenção de Hugo Cabret (Robert Richardson)
A Árvore da Vida (Emmanuel Lubezki)
Cavalo de Guerra (Janusz Kaminski)
Melhor Figurino
Anônimo (Lisy Christl)
O Artista (Mark Bridges)
A Invenção de Hugo Cabret (Sandy Powell)
Jane Eyre (Michael O'Connor)
W.E. - O Romance do Século (Arianne Phillips)
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
As Hiper Mulheres: índias do Xingu vão cantar na Holanda
As Hiper Mulheres, documentário que mostra o ritual cântico de uma tribo indígena do Xingu, exibido na noite de domingo (22/1) na Mostra de Tiradentes, é um dos filmes a integrar a legião de brasileiros que vai invadir o Festival de Roterdã.
A partir da próxima quarta-feira (24), o festival holandês estará abarrotado de longas e curtas-metragens produzidos no Brasil – alguns deles inclusive passaram por Tiradentes. Ao todo, serão sete longas e cinco curtas, além de uma extensa retrospectiva da produção da Boca do Lixo e da presença de Helena Ignez, musa de Rogério Sganzerla, no júri do Tiger Awards.
Roterdã também vai marcar um fato raríssimo: dois longas brasileiros – Sudoeste e O Som ao Redor – estarão na mostra competitiva principal, acontecimento quase nunca visto num festival europeu de grande porte. O máximo de penetração que o cinema brasileiro tem conseguido em eventos do Velho Continente tem sido em Cannes – média de quatro filmes por ano, mas espalhados em mostras paralelas.
Continue lendo a reportagem no Cineclick.
A partir da próxima quarta-feira (24), o festival holandês estará abarrotado de longas e curtas-metragens produzidos no Brasil – alguns deles inclusive passaram por Tiradentes. Ao todo, serão sete longas e cinco curtas, além de uma extensa retrospectiva da produção da Boca do Lixo e da presença de Helena Ignez, musa de Rogério Sganzerla, no júri do Tiger Awards.
Roterdã também vai marcar um fato raríssimo: dois longas brasileiros – Sudoeste e O Som ao Redor – estarão na mostra competitiva principal, acontecimento quase nunca visto num festival europeu de grande porte. O máximo de penetração que o cinema brasileiro tem conseguido em eventos do Velho Continente tem sido em Cannes – média de quatro filmes por ano, mas espalhados em mostras paralelas.
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Em Tiradentes, a questão de como representar no cinema
Denise Fraga, protagonista de Hoje, foi premiada no Festival de Brasília |
Pode parecer loucura, mas há um diálogo entre dois filmes de feitura diferente, ambos exibidos no sábado (21/1) aqui na Mostra de Tiradentes. De um lado Djalioh, inspirado num conto que Flaubert, o autor de Madame Bovary, escreveu em 1837. Do outro está Hoje, longa da premiada Tata Amaral (Antônia, Um Céu de Estrelas) que se aproxima das feridas da ditadura.
O questionamento da representação de uma história é o principal ponto de contato para o diálogo de filmes tão distintos. É esse questionamento que faz com que Djalioh enverede por uma contação de histórias, com narradores que se revezam como personagens, ou que Hoje, grande vencedor do Festival de Brasília, adote métodos menos tradicionais para a encenação do que não há como ser dito.
No filme de Tata temos a história de uma mulher de meia-idade (Denise Fraga) que acaba de se mudar para um outro apartamento. De sopetão, enquanto os móveis são carregados pelos ajudantes, um homem (Cesar Troncoso) aparece e questiona o passado de Vera – que descobriremos ter adotado o nome de Ana Luiza no passado.
Continue lendo a reportagem no Cineclick.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Billi Pig conversa com a chanchada e com caos brasileiro
Grazi Massafera interpreta Marivalda, que sonha em se tornar atriz. |
“Esse filme surgiu de um desejo nosso de dar uma elevada no cinema comercial brasileiro”. As palavras da produtora Vânia Catani explicam as intenções de Billi Pig, o longa de abertura da Mostra de Tiradentes. É a tentativa de José Eduardo Belmonte, o diretor de Se Nada Mais Der Certo e A Concepção, ampliar o diálogo de seu cinema com o público e, indiretamente, criar uma outra via: filmes que não precisam descer ao nível de Cilada.com para ter público.
“É um filme absurdo”, declarou o diretor na abertura, ao lado dos atores Selton Mello, Grazi Massafera, Milton Gonçalves e Murilo Grossi. A exibição aqui em Tiradentes é um teste interessante para um filme que abertamente busca comunicação larga com o público e é dirigido por um cineasta marcado como autoral.
Há em Billi Pig um escracho, e também um certo cinismo, com coisas tipicamente brasileiras: a bandidagem aloprada, o sincretismo religioso, a diva de subúrbio, as instituições frouxas e o jogo de cintura para sobreviver. Mais do que cinema de massa, o filme trava um diálogo com um período em que o cinema brasileiro foi profundamente popular: no auge das chanchadas nas décadas de 40 e 50, quando Oscarito, nosso maior comediante, reinou ao lado de beldades que cantavam no cinema as músicas que viriam a fazer sucesso no carnaval, com enredos que comentavam situações tipicamente brasileiras e especialmente cariocas.
Continue lendo a crítica no Cineclick.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Mostra de Tiradentes homenageia Selton Mello e discute ator no cinema
Diretor e protagonista de O Palhaço receberá homenagem nesta sexta (21/1) |
Pelo segundo ano consecutivo, a Mostra de Cinema de Tiradentes, o mais inquieto dos eventos do calendário de festivais brasileiros, vai homenagear um ator. Se 2011 foi o ano de Irandhir Santos, que caiu na boca do povo após o sucesso de Tropa de Elite 2, neste edição os holofotes se voltam a Selton Mello, um ator que também é autor.
A 15ª Mostra de Tiradentes começa nesta sexta-feira (20/1) com a exibição do inédito Billi Pig, de José Eduardo Belmonte. Selton é um dos exemplos de ator que transita por muitas frequências dentro do cinema brasileiro. Pode ser lembrado por um projeto muito autoral como Lavoura Arcaica ou pelo carisma de O Auto da Compadecida, um playboy maconheiro em Árido Movie ou um romântico em A Mulher Invisível. Selton conseguiu tanto ser dirigido por um esteta como Julio Bressane quanto por um diretor com influências do videoclipe como Mauro Lima.
Continue lendo a reportagem no Cineclick.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Clint Eastwood e Dustin Lance Black tiram J. Edgar do armário
Leonardo DiCaprio deve ser indicado ao Oscar |
Há muito o que dizer sobre J. Edgar, o filme que Clint Eastwood fez sobre John Edgar Hoover, o inventor do FBI em 1935, personagem mítico da cultura norte-americana. Profundamente conservador, entre 1924 e 1972 dividiu o mundo entre o Bem (nós) e o Mal (eles, os comunistas), espionou um mundaréu de desafetos, aplicou um amplo leque de métodos ilegais.
Antes de assistir ao filme, que será lançado pela Warner Bros. no Brasil na outra sexta-feira (27/1), temia por uma abordagem coxa de suas contradições – Hoover merece tanto ser admirado quanto esculachado. Receio de que o patriotismo se sobrepusesse à complexidade de seu caráter ou que J. Edgar fosse apenas um filme de época que não permitisse diálogo algum com questões contemporâneas.
Os medos não se justificam, já que o filme decide ir a fundo e colocar em xeque o personagem, inclusive num tema polêmico: a homossexualidade de Hoover. Enquanto vivo, ameaçou quem tornasse pública sua relação com Clyde Tolson. Hoje, quase 40 anos após sua morte, sua homossexualidade é notória – mesmo que tenha ficado por debaixo do pano por tantos anos durante o reinado no FBI.
Numa das cenas mais lindas do filme, Hoover, interpretado por Leonardo DiCaprio, briga consigo mesmo de frente ao espelho. Lindo jogo de sombras. Ou em outras duas sequências de um amor desesperado e dolorido. Muito feliz a escolha de Dustin Lance Black, homossexual assumido e roteirista de Milk – A Voz da Igualdade, personagem ícone dos gays, para escrever o filme de Clint: há um desenho muito interessante da personalidade e do conflito.
Mas não dá para limitar J. Edgar à sexualidade do protagonista. O filme estabelece um diálogo aberto com o momento mais recente dos Estados Unidos, em que os fins justificaram os meios na Era Bush.
Há mais o que dizer sobre o filme de Clint. Por enquanto, fiquemos com esse breve comentário do conflito entre o sentir e o agir, o desejo e as expectativas, a dureza e a ternura, a necessidade de ordem e o fascínio por se perder.
Clint Eastwood, cuja regularidade é impressionante, fez mais um filme bom.
Em tempo: o site da Amazon.com lista ao menos 12 livros sobre J. Edgar ou escritos por ele. Com destaque para J. Edgar Hoover: The Man and the Secrets.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Vencedor de três Globos de Ouro, The Artist ganha distribuição no Brasil
No Brasil, O Artista vai estrear em 10 de fevereiro |
Cerca de dois meses antes da cerimônia do Globo de Ouro, já era esperado que The Artist, o saudosista filme que homenageia a Hollywood dos anos 1920, seria um forte candidato a ganhar na categoria Melhor Filme – Musical ou Comédia.
A premiação de domingo (15/1) confirmou as expectativas. O filme de Michel Hazanavicius levou o prêmio principal, Ator e Trilha Sonora. Com as indicações na premiação do Sindicato dos Produtores (PGA) e dos Atores (SAG), The Artist chega forte ao Oscar.
O que surpreendia nos bastidores aqui no Brasil é que, apesar do zum-zum-zum em torno do longa, ele ainda não havia sido adquirido por uma distribuidora brasileira. Nesta segunda-feira (16/1) pela manhã, a Paris Filmes anunciou que vai lançar o filme por aqui. A estreia está prevista para 10 de fevereiro, 19 dias após o anúncio dos indicados ao Oscar e 16 dias antes da premiação da Academia.
Nos bastidores, comentava-se que o preço dos direitos de distribuição foi o responsável por causar a demora na aquisição do filme, a ser lançado no Brasil como O Artista. Com o sucesso da Saga Crepúsculo, a Paris Filmes tem incrementado a qualidade dos títulos de seu catálogo e avançado inclusive sobre os títulos considerados “filmes de arte” – casos dos dois últimos filmes de Woody Allen além do mais recente de Pedro Almodóvar.
Assista ao trailer de O Artista:
GLOBO DE OURO: Em premiação dividida, The Artist confirma favoritismo e Os Descendentes abocanha prêmio
Jean Dujardin, premiado como Melhor Ator, em cena de The Artist |
Ricky Gervais prometeu, mas não cumpriu. Mestre de cerimônias do 69º Globo de Ouro, que consagrou Os Descendentes e The Artist [veja lista completa abaixo], o comediante britânico foi tão ácido quanto em 2011, mas não tão engraçado.
Mas por que começar falando do apresentador num evento sobre cinema? Simples: porque como em qualquer entrega de prêmios, as surpresas são poucas e os discursos ora políticos, ora quero-agradecer-todo-mundo-que-é-importante-na-minha-vida-e-elogiar-meus-concorrentes. Um apresentador capaz de manter a audiência acordada durante as três horas de cerimônia é algo fundamental. Torna a brincadeira menos enfadonha, os aplausos menos falsos e a hipocrisia menos efetiva.
A melhor de suas piadas foi a que justamente falou de cinema. “Missão Madrinha de Casamento provou que as mulheres podem ser tão grosseiras quanto os homens”. De resto, uma cutucada no amigo Johnny Depp (“o homem capaz de vestir qualquer coisa que Tim Burton mandar”) e outra em Madonna (“ela é quase virgem”, em referência à canção Like A Virgin), que rebateu: “Se eu sou uma quase-virgem, por que você não vem aqui e faz algo com isso? Faz tempo que não beijo uma mulher. Na televisão”.
Os Descendentes: o filme independente do ano nos EUA |
Premiação
A Hollywood Foreign Press Association (HFPA), que elege os vencedores do Globo de Ouro, decidiu espalhar os prêmios das categorias de cinema neste ano.
As três principais categorias – Filme (Drama), Direção e Roteiro – foram para três filmes diferentes. Respectivamente: Os Descendentes, que deve ser mesmo o filme independente do ano nos Estados Unidos; Martin Scorsese, o único prêmio de A Invenção de Hugo Cabret da noite; e Woody Allen (que se deu ao luxo de não ir à cerimônia), que volta a ter seu principal atributo (o roteiro) reconhecido.
Entre os musicais ou comédias, não teve nem graça. Os três prêmios a The Artist (Filme, Ator e Trilha Sonora) mostram que voltou-se a cultivar o saudosismo num cenário de produção cada vez mais hostil à realização arriscada – situação que precisa ser mais estudada, seja com o filme de Michel Hazanivicius, Super 8 ou Cavalo de Guerra.
Esperava-se que os membros da HFPA tivessem mais carinho com Histórias Cruzadas e O Homem que Mudou o Jogo. O primeiro perdeu onde era favorito (Melhor Atriz, já que Meryl Streep abocanhou um prêmio que poderia tranquilamente ir para Viola Davis) e ganhou no inesperado (Octavia Spencer como Atriz Coadjuvante, enfrentando candidatas fortes).
Já o filme sobre a grande revolução no beisebol saiu de mãos abanando. Na categoria onde mais tinha chance, o Roteiro, perdeu para Meia-noite em Paris. No meio do caminho tinha uma (bem-vinda) pedra. Como disse Aaron Sorkin, corroteirista de O Homem que Mudou o Jogo no Twitter, “é uma honra perder para Woody Allen”.
Me parece que Melhor Atriz – Drama foi a categoria que mais concentrou talentos dos indicados ao Globo de Ouro. Mesmo em filmes médios como Albert Nobbs, Glenn Close, Viola Davis, Rooney Mara, Meryl Streep e Tilda Swinton capricham.
Já Melhor Filme em Língua Estrangeira é a que menos teve bons filmes. E deve ser recebido com felicidade o prêmio ao iraniano A Separação, de longe o melhor de todos. Se exagerou nas indicações ao tenebroso Missão Madrinha de Casamento, a HFPA teve coragem de não premiar autores como Almodóvar ou os Irmãos Dardenne, indicados por filmes inferiores a outros trabalhos.
Momentos marcantes
No geral, a cerimônia do 69º Globo de Ouro – importante, mas não uma prévia tão efetiva do Oscar quanto os prêmios dos sindicatos de categorias – foi morna. Um erro no teleprompter testou a versatilidade dos apresentadores.
O trecho mais emocionante foi a troca de afagos entre o lendário ator Sidney Poitier e Helen Mirren, apresentadores do prêmio Cecil B. DeMille, ao agraciado Morgan Freeman. Quanto Poitier subiu ao palco, o silêncio se estabeleceu. O Beverly Hilton Hotel parou para ouvir aquele tom grave de voz. “Você é um príncipe da profissão que escolheu”, diz Poitier. A cerimônia podia ter acabado ali.
Sobraram algumas piadas com o sotaque latino do espanhol Antonio Banderas e da mexicana Salma Hayek e do acento francês da equipe de The Artist. Gervais também ironizou Eddie Murphy, que desistiu de apresentar o Oscar em fevereiro após a saída de Brett Ratner da produção da cerimônia. “Se uma pessoa diz 'não' para o Oscar e 'sim' para Norbit... bem...”.
Esclarecimento
Este blogueiro não acompanha um número suficiente de séries televisivas e decidiu se abster de qualquer comentário da premiação de TV da cerimônia.
Veja a lista completa dos vencedores do 69º Globo de Ouro:
Cinema
Melhor Filme (Drama)
Os Descendentes, de Alexander Payne
Melhor Filme (Musical ou Comédia)
The Artist, de Michel Hazanvicius
Melhor Diretor
Martin Scorsese, de Hugo
Melhor Ator (Drama)
George Clooney, de Os Descendentes
Melhor Atriz (Drama)
Meryl Streep, de A Dama de Ferro
Melhor Ator Coadjuvante (Drama)
Christopher Plummer, de Toda Forma de Amor
Melhor Ator (Musical ou Comédia)
Jean Dujardin, de O Artista
Melhor Atriz Coadjuvante
Octavia Spencer, de Histórias Cruzadas
Melhor Atriz (Musical ou Comédia)
Michelle Williams, de Sete Dias com Marilyn
Melhor Roteiro
Woody Allen, de Meia-noite em Paris
Melhor Animação
As Aventuras de Timtim: O Segredo de Licorne, de Steven Spielberg
Melhor Trilha Sonora
Ludovic Bource, de The Artist
Melhor Filme em Língua Estrangeira
A Separação, de Asghar Farhadi
Melhor Canção Original
Masterpiece, de Madonna, Julie Frost, Jimmy Harry
Televisão
Melhor Minissérie ou Filme Feito para a TV
Downton Abbey Masterpiece Classic
Melhor Série de TV (Drama)
Homeland
Melhor Série de TV - Musical ou Comédia
Modern Family
Melhor Ator de TV (Drama)
Kelsey Grammer, de Boss
Melhor Atriz de TV (Drama)
Claire Danes, de Homeland
Melhor Ator de TV (Musical ou Comédia)
Matt LeBlanc, de Episodes
Melhor Ator de Minissérie ou Filme Feito para a TV
Idris Elba, de Luther
Melhor Ator Coadjuvante (Série, Minissérie ou Filme Feito para a TV)
Peter Dinklage, de Game of Throns
Melhor Atriz Coadjuvante (Série, Minissérie ou Filme Feito para a TV)
Jessica Lange, de American Horror Story
Melhor Atriz de Minissérie ou Filme Feito para a TV
Kate Winslet, de Mildred Pierce
Melhor Atriz de TV (Comédia ou Musical)
Laura Dern, de Enlightened
sábado, 14 de janeiro de 2012
Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras - Crítica
Robert Downey Jr. volta como o inspetor Holmes na adaptação de Guy Ritchie |
Assim como no primeiro filme de Guy Ritchie que se apropriou do personagem de Sir Arthur Conan Doyle, é perda de tempo procurar o que resta da literatura do escocês no cinema de Ritchie. Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras, como sintomaticamente definiu um amigo crítico de cinema após a exibição do filme à imprensa, poderia se chamar A Identidade Holmes ou James Holmes, em referência à franquia com Matt Damon ou a do agente 007.
Quem for a O Jogo de Sombras procurando um resquício da elegância da escrita de Doyle no desenrolar do mistério na trama vai encontrar um filme de Guy Ritchie. Ou seja, aventura de estética cartunizada, com pitadas de humor e alguma porradaria.
E não há novidade alguma nisso, pois O Jogo de Sombras é igualzinho ao primeiro filme. Como não há a surpresa causada em 2009 pelo olhar pop de Ritchie ao inspetor de Coyle, a sequência tenta compensar inserindo novos personagens – sim, isso se tornou uma condição sine qua non de qualquer franquia.
Continue lendo a crítica de Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras na Revista Interlúdio.
Assista ao trailer do filme de Guy Ritchie com Robert Downey Jr.
Veja salas e horários em que o filme está em cartaz
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
O Vendedor - Crítica
O veterano Gilberte Sicotte protagoniza o drama canadense O Vendedor |
O Vendedor* não é apenas um filme sobre o fim da estrada para um senhor, mas também um comentário sobre a finitude de um modelo financeiro. São essas duas narrativas que se justapõem no drama de estreia do canadense Sébastien Pilote, indicado ao Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance em 2011.
Pois em ambos relatos
(o micro e o macro) o que está em jogo é a vontade (e a habilidade)
de uma pessoa (ou de uma sociedade) em sobreviver quando o roteiro
das próprias vidas, que até então se acreditava imutável, toma
outros rumos bruscos. Quando a turbulência vier (e ela sempre
chega), Marcel (Gilbert Sicotte) será arrastado ou fugirá da
correnteza?
Assista ao trailer de O Vendedor:
*O Vendedor, distribuído pela Lume Filmes, estreia nesta sexta-feira (13/1) nas cidades de Porto Alegre (RS) e Salvador (BA).
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Com quatro longas e dois curtas, Brasil terá presença maciça no Festival de Roterdã
Sudoeste, de Eduardo Nunes, vencedor de Melhor Fotografia no Festival do Rio 2011
Praça Walt Disney |
Não para por aí: os longas Febre do Rato, multipremiado no Festival de Paulínia, e o inédito Rua Aperana, 52 foram selecionados para a mostra paralela Spectrum, que também contará com outro curta-metragem brasileiro, Praça Walt Disney, eleito pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) como o Melhor Curta de 2011.
Na competição internacional de curtas-metragens, outro brasileiro, o paranaense Ovos de Dinossauro na Sala de Estar, que este blogueiro colocou na lista de Melhores do Ano.
Com isso, o 41º Festival de Roterdã abre espaço, na competição pelo Tiger Awards, para brasileiros nos seus primeiros (Eduardo Nunes, de Sudoeste) ou segundos longas (Kleber Mendonça Filho, de O Som ao Redor, inédito). Nas mostras paralelas, diretores mais experientes como Júlio Bressane (
Ovos de Dinossauro |
Nos curtas, Rafael Urban entra na competição e Renata Pinheiro/Sergio Oliveira na mostra paralela.
Além da produção contemporânea, o Festival de Roterdã abre espaço para um período muito particular do cinema brasileiro: os filmes da Boca do Lixo. A retrospectiva The Mouth of Garbage vai jogar luzes na produção da Boca, cujo de ponto era o centro de São Paulo. Produções baratas e rodadas rapidamente, onde se misturavam as pornochanchadas de apelo sexual ao público com outros realizadores já de estilos consolidados.
A The Mouth of Garbage, cuja curadoria é de Gabe Klinger, brasileiro, mas que saiu daqui muito cedo para morar nos Estados Unidos, vai colocar Sganzerla ao lado de Claudio Cunha, Candeias com Ody Fraga, Jairo Ferreira com Jean Garret. Uma ótima revisão, programada por um festival holandês (!) de um período que poucos aqui no Brasil decidiram olhar com atenção para separar o joio do trigo – os dossiês da Revista Zingu! são um raro esforço.
O último longa de Claudio Cunha estará em Roterdã |
O fato é que o Festival de Roterdã programou, para a edição 2012, alguns filmes muito especiais. Ovos de Dinossauro na Sala de Estar e Praça Walt Disney são dois filmes inteligentíssimos que documentam sem caretice. Sudoeste (que não me encantou na primeira exibição no Festival do Rio em outubro) é um filme com rigor formal absurdo. Febre do Rato é pura fruição, pulsão sexual e criativa.
A participação brasileira com seis filmes contemporâneos, além da retrospectiva da Boca do Lixo (não foram anunciados todos os títulos ainda), supera os números da presença tupiniquim em outros festivais internacionais, especialmente o de Cannes que, na última década, teve uma média de quatro filmes brasileiros por edição. Porém, concentrados nas mostras paralelas.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Termômetro para o Oscar
A premiação do Sindicato dos Produtores, real termômetro do Oscar apesar de muitos darem um valor exagerado ao Globo de Ouro, divulgou os indicados a Melhor Filme [veja os filmes aqui]. Da lista é possível pegar algumas pistas para as possíveis indicações da Academia e começar o jogo de “chutologia” que é prever o Oscar.
As estatísticas dos últimos dez anos indicam que cerca de 80% dos indicados à premiação do Producers Guild of America (PGA), o Sindicato dos Produtores, também são lembrados no Oscar. Quando os membros da Academia indicavam cinco longas à Melhor Filme, três deles geralmente já haviam sido lembrados no PGA. No formato de dez filmes indicados, estilo adotado nas duas últimas premiações, oito filmes tinham passado pela lista do PGA.
A “chutologia” para o Oscar deste ano, porém, está mais complicada. Dada as novas regras, a categoria Melhor Filme pode ter entre cinco e dez indicados, dependendo da quantidade de produções que atingiram o coeficiente mínimo de 5% como primeira escolha, na lista de dez das células de votação, dos votantes[leia esta matéria da CBS News e as regras no site da Academia para entender o quiprocó].
Sabemos também que quase nunca a lista da Academia traz ficções científicas, filmes de aventura ou escrachadas. Isso já me leva a prever que Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids), um dos dez do Sindicato dos Produtores, não será indicado ao Oscar. Tenho dúvidas se Meia-noite em Paris (Midnight in Paris), um Woody Allen que voltou a me alegrar, vai permanecer na lista da Academia.
Pela força que Spielberg tem, pelo menos um de seus filmes irá à categoria principal. Presumo que será adotada a escolha mais segura: Cavalo de Guerra (War Horse) em Melhor Filme, As Aventuras de Tim Tim (The Adventures of Tintin) em Melhor Animação.
Dos dez indicados do PGA, e assumindo que o Oscar repetirá a quantidade de indicados, os candidatos fortíssimos são The Artist, Histórias Cruzadas (The Help), Hugo, O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball) e Cavalo de Guerra. Não tenho certeza quanto a Tudo Pelo Poder (The Ides of March), Os Descendentes (The Descendants) e Millenium – O Homem que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tatoo).
Outros correm por fora, casos de Young Adult, de Jason Reitman (Amor sem Escalas) e o bom O Espião que Sabia Demais (Tinker Taylor Soldier Spy), de Thomas Alfredson (Deixa Ela Entrar). Já Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn), Albert Nobbs e Precisamos Falar sobre Kevin (We Need to Talk About Kevin) devem ficar apenas com indicações nas categorias de atuação.
A falsa ciência da "chutologia" do Oscar terá os resultados confirmados ou confrontados em 24 de janeiro, quando serão anunciados os indicados a todas as categorias.
As estatísticas dos últimos dez anos indicam que cerca de 80% dos indicados à premiação do Producers Guild of America (PGA), o Sindicato dos Produtores, também são lembrados no Oscar. Quando os membros da Academia indicavam cinco longas à Melhor Filme, três deles geralmente já haviam sido lembrados no PGA. No formato de dez filmes indicados, estilo adotado nas duas últimas premiações, oito filmes tinham passado pela lista do PGA.
A “chutologia” para o Oscar deste ano, porém, está mais complicada. Dada as novas regras, a categoria Melhor Filme pode ter entre cinco e dez indicados, dependendo da quantidade de produções que atingiram o coeficiente mínimo de 5% como primeira escolha, na lista de dez das células de votação, dos votantes[leia esta matéria da CBS News e as regras no site da Academia para entender o quiprocó].
Sabemos também que quase nunca a lista da Academia traz ficções científicas, filmes de aventura ou escrachadas. Isso já me leva a prever que Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids), um dos dez do Sindicato dos Produtores, não será indicado ao Oscar. Tenho dúvidas se Meia-noite em Paris (Midnight in Paris), um Woody Allen que voltou a me alegrar, vai permanecer na lista da Academia.
Pela força que Spielberg tem, pelo menos um de seus filmes irá à categoria principal. Presumo que será adotada a escolha mais segura: Cavalo de Guerra (War Horse) em Melhor Filme, As Aventuras de Tim Tim (The Adventures of Tintin) em Melhor Animação.
Jean Dujardiin e Bérénice Bejo em cena de The Artist.
Dos dez indicados do PGA, e assumindo que o Oscar repetirá a quantidade de indicados, os candidatos fortíssimos são The Artist, Histórias Cruzadas (The Help), Hugo, O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball) e Cavalo de Guerra. Não tenho certeza quanto a Tudo Pelo Poder (The Ides of March), Os Descendentes (The Descendants) e Millenium – O Homem que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tatoo).
Outros correm por fora, casos de Young Adult, de Jason Reitman (Amor sem Escalas) e o bom O Espião que Sabia Demais (Tinker Taylor Soldier Spy), de Thomas Alfredson (Deixa Ela Entrar). Já Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn), Albert Nobbs e Precisamos Falar sobre Kevin (We Need to Talk About Kevin) devem ficar apenas com indicações nas categorias de atuação.
A falsa ciência da "chutologia" do Oscar terá os resultados confirmados ou confrontados em 24 de janeiro, quando serão anunciados os indicados a todas as categorias.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Missão Impossível, um espetáculo
Muita água passa por debaixo da ponte quando se trata de um filme como Missão Impossível: Protocolo Fantasma. Resumir uma análise a “gosto”, “não gosto”, “a cena de Dubai é deslumbrante” ou “a montagem se parece com videoclipe” não passa de bobagem, é ignorar a simbologia de poder e dominação da cultura – consequentemente, do cinema – norte-americana sobre o resto do mundo.
A começar que é um sinal óbvio dos tempos que um filme de ação se passe em vários lugares do mundo e que tenha uma parte fundamental de seus eventos aconteçam em um não-lugar que atende pelo nome de Dubai, do qual conhecemos muitíssimo pouco, uma cidade cuja presença no cenário geopolítico internacional (inclusive no futebol) foi recentemente reinventada pelo dinheiro.
Um bem acabado produto – porque o filme é, de fato, seguro na sua realização e nas convenções do gênero – com cara de moderno: está lá a ideia de mundo conectado e diminuição das fronteiras. Ou seja, facilmente vendável para qualquer parte do globo. Por outro lado, o herói continua sendo o americano, enquanto o vilão (advinha?) são os... russos!
A proporção que o filme toma numa projeção em Imax é a definição perfeita do espetáculo: é algo que simplesmente arrebata e aliena, com muitíssima eficiência, quem está à sua frente. Arrisco: a magnitude das cenas, dos planos abertos e das hipérboles que precisamos utilizar ao falar do filme me parecem uma demonstração de força do próprio cinema americano como indústria e máquina que domina o imaginário.
Leia o restante do texto na Revista Interlúdio.
A começar que é um sinal óbvio dos tempos que um filme de ação se passe em vários lugares do mundo e que tenha uma parte fundamental de seus eventos aconteçam em um não-lugar que atende pelo nome de Dubai, do qual conhecemos muitíssimo pouco, uma cidade cuja presença no cenário geopolítico internacional (inclusive no futebol) foi recentemente reinventada pelo dinheiro.
Um bem acabado produto – porque o filme é, de fato, seguro na sua realização e nas convenções do gênero – com cara de moderno: está lá a ideia de mundo conectado e diminuição das fronteiras. Ou seja, facilmente vendável para qualquer parte do globo. Por outro lado, o herói continua sendo o americano, enquanto o vilão (advinha?) são os... russos!
A proporção que o filme toma numa projeção em Imax é a definição perfeita do espetáculo: é algo que simplesmente arrebata e aliena, com muitíssima eficiência, quem está à sua frente. Arrisco: a magnitude das cenas, dos planos abertos e das hipérboles que precisamos utilizar ao falar do filme me parecem uma demonstração de força do próprio cinema americano como indústria e máquina que domina o imaginário.
Leia o restante do texto na Revista Interlúdio.
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