Bressane é um choque. Ele acabou de dar uma coletiva calorosa aqui no Festival de Gramado, pois vai ser homenageado na noite de hoje com o troféu Eduardo Abelim. Semana passada, já havia declarado que não entendia a razão da homenagem. Afinal, Gramado, nos últimos anos, prefere celebridades a filmes potentes.
São muitas idéias despejadas. Uma capacidade de associação absurda. Citações a escritores, filósofos, pensadores. Pra quem é jovem, o exemplo do “chutar o pau da barraca” dentro do cinema nacional é Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Baixio das Bestas”). Aliás, o título do novo filme de Cláudio, “A Febre do Rato” é quase igual ao novo de Bressane, “Erva do Rato”. Também tem algo de bressaniano a falência e a mediocridade do ser humano que Cláudio aponta em “Amarelo Manga”.
Mas Bressane, 62 anos, parece ser mais articulado. Para os jornalistas, que precisam classificar para facilitar o entendimento (afinal, não fazemos tratados sociológicos), fica difícil resumir o que é o cineasta. Talvez quem já tem 20, 30 e até 40 anos de profissão seja mais hábil em fazê-lo – e já estejam acostumados com idéias bressanianas.
Pra quem é jovem, não. Ele é uma injeção de vida, uma vontade de descobrir. À priori, repassando as anotações da coletiva, dá pra encontrar algumas contradições em seu discurso. Mas algo de quente ali tem.
O tempo vai explicar o que é esse algo.
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