Bressane declarou recentemente que só aceitou a homenagem recebida na quarta-feira pelo Festival de Gramado por conta da nova curadoria (Sérgio Sanz e José Carlos Avellar) que, segundo o cineasta, está tirando o festival do funeral.
Este ano, os filmes estão muito diferentes entre si. Duas noites em especial evidenciaram as diferenças:
-- “Perro Come Perro” e “Pachamama”
O longa colombiano vai ao mundo do crime para ambientar sua história cheia reviravoltas, numa dinâmica de ação com a cor local (“magia negra”). Na trama, e em seu desfecho, há um círculo do qual não se foge, como o título sugere: cachorro come cachorro. A comilança sempre vai ocorrer com A que come B que come C que come D...
Já o nacional “Pachamama”, de Eryk Rocha, é pessoal, em primeira pessoa, um olhar filtrado. A ação não é pré-determinada, mas deixa-se levar pelos acontecimentos políticos da Bolívia e Peru. Fala de identidade, de política e integração.
Neusa Barbosa, crítica do Cineweb, fez um elo interessante entre os dois: “um começa onde o outro termina”. “Pachamama” olha para trás, para como a América do Sul foi formada; “Perro Come Perro” parte do cenário já dado, obviamente fruto da história.
-- “Juventude” e “Cochochi”
Domingos Oliveira teatraliza a relação entre três senhores que se encontram para lembrar do passado. Diálogos e câmera são o esteio do filme. O importante é falado (ironia, textos cômicos), não fica de fora ou sugerido.
Já o mexicano faz outro caminho: fala-se pouco, aposta-se no olhar e no ambiente onde os planos são filmados. Silêncio, roteiro não mirabolantes e pequenos pedaços de história dentro da grande história.
Resumindo: Domingos está mais para Woody Allen; Cárdenas e Guzman para diretores iranianos.
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