segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pós-modernismo

de Gramado, Rio Grande do Sul

Ontem foi dia de pós-modernidade no Festival de Gramado. Baixou aqui a hype/moderninha Clarah Averbuck. Seus livros e escritos na blogsfera serviram de inspiração para “Nome Próprio”, longa de Murilo Salles que briga pelo Kikito na categoria. Leandra Leal, protagonista do filme, é candidata disparada pelo prêmio de melhor atriz (foto à esquerda).

O filme do Murilo é filme de profissional. A protagonista tem um umbigo gigante, e acha que é a mais especial da face da terra. Mas o personagem feminino, como raramente se vê na produção recente do cinema nacional, é redondo, íntegro. Bem composto.

Ela incomoda. Com seu frisson em escrever um livro, faz umas viagens misturando cerveja e comprimidos. Exemplo: quando um amigo sugere que ela arrume um emprego, Camila (Leandra Leal) responde: “Eu preciso me concentrar para escrever meu livro. Sou muito dispersa”.

E na condição de garota classe-média que leva a vida como uma “aventura” – mas sem dispensar o kit sobrevivência que a mãe manda para o apê –, vai de paixão em paixão, lendo Leminski, pensando em Bukowski e citando John Fante.

Pós-moderna, ou modernidade líquida ou hipermodernidade. Individual, egotrip, dramas fakes, cerveja quenta, citação filosófica, narrativa centrada no eu como o ser mais essencial da terra. Abrir as portas do filme com a chave da pós-modernidade dá uma baita clareada da personagem que Murilo Salles criou.

Pode-se gostar ou não do filme, opção natural. Mas não dá para negar que ele está antenado com o que acontece hoje.

Em tempo: sobre o personagem feminino, no blog do filme há um texto interessante sobre como Camila foi pensada. Lá rolam as idéias do feminismo, Focault, Freud e psicanálise.

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